Renda agrícola de MT avançou só 11%
Estudos realizados pela Assessoria de Pesquisas Econômicas Aplicadas da Secretaria Adjunta de Receita Pública da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) apontam que a renda agrícola mato-grossense não cresce no mesmo ritmo da produção. Renda agrícola é a diferença entre o preço de venda e o custo de produção.
Segundo as estatísticas, enquanto a produção agrícola cresceu 70% no período de 2001 a 2007, ano em que o IBGE fez o último levantamento do PIB, a renda avançou apenas 11%. O levantamento mostra ainda que a produção agrícola deverá saltar 190% de 1998 a 2010, passando de 9,80 milhões de toneladas grãos para 28,50 milhões de toneladas no período, com renda agrícola estimada de R$ 18,31 milhões para este ano. Em relação a 2001, quando a renda agrícola foi de R$ 12,76 milhões, o incremento este ano será de 43,49%. Já em relação à produção (13,82 milhões de toneladas em 2001), prevê-se um crescimento de 106,22%.
“Os números mostram que a produção está avançando em um ritmo bem mais veloz do que a renda do produtor”, analisa de Cursi.
Em 2006, conforme ainda o levantamento da Sefaz, a produção mato-grossense foi de 22,58 milhões de toneladas e a renda estava em R$ 11,59 milhões, menor, portanto, do que a renda de 2001 (R$ 12,76 milhões).
“No meio da gestão Maggi tivemos o pior vale da renda agrícola em Mato Grosso”, lembra Marcel de Cursi, acrescentando que no período de 2003 a 2008 a renda chegou a apresentar taxas negativas de crescimento. “Isso quer dizer que a renda da agricultura - que contribui com 35% de forma direta e 70% de forma indireta na formação do PIB - andou mal neste período em função da crise no período de 2004 a 2007, motivada por problemas ambientais, fitossanitários, altos custos de produção, baixos preços das commodities e elevado nível de endividamento rural”. Em 2007, produção alcançou 23,49 milhões de toneladas e a renda agrícola não passou de R$ 14,46 milhões.
Na avaliação de Marcel de Cursi, a crise só não foi pior porque Mato Grosso ampliou sua inserção no mercado internacional, aumentando as exportações e agregando valores aos produtos primários.
PRODUTOR – Para o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Carlos Favaro, a principal causa da queda da renda agrícola é a defasagem cambial, atrelada à falta de uma logística adequada para transportar a produção. “A valorização do real em relação ao dólar, nos últimos anos, vem corroendo a renda do produtor, que paga um frete caro em real e precisa de mais dólares. Com isso, acaba sobrando menos dinheiro na ponta”.
Ele acredita que a situação só vai melhorar quando o Estado tiver uma melhor logística para escoar sua produção. “É preciso que projetos como os da ferrovia, hidrovia e pavimentação de rodovias sejam efetivamente colocados em prática. Todos perdem com a queda da renda agrícola”.
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