Escândalo das Máquinas: Governador do Estado diz que considera esse assunto página virada, mas que irá continuar cobrando duramente o resultado das apurações
Silval: "Nada ficará embaixo do tapete"
Governador do Estado desde o último dia 31 de março, Silval da Cunha Barbosa (PMDB) é um dos muitos migrantes que vieram do Sul do Brasil para se instalar no Norte de Mato Grosso, quando na região pouco ou quase nada de serviços públicos existia, o que valeu a ele e a muitos outros, o título de desbravador, por ter enfrentado as intempéries e obstáculos naturais.
Essa condição, muito parecida com os antigos bandeirantes e colonizadores, lhe permitiram ganhar experiência suficiente para moldar o político arrojado e determinado na conquista de espaço no difícil e conturbado mundo político que é cheio de vaidades e de traições.
Primeiro prefeito de Matupá ( a 696 km de Cuiabá), deputado estadual por dois mandatos, ocupando a presidência e a 1ª secretária da Assembleia Legislativa e vice-governador eleito em 2006 na chapa encabeçada por Blairo Maggi, vai responder as principais perguntas e colocar de forma clara e transparente toda a situação vivida pelo Estado nos últimos dias em razão de denúncias de irregularidades e superfaturamento em aquisição de equipamentos rodoviários num dos maiores programas realizados pelo Estado para atender aos 141 municípios e a sociedade como um todo.
O chefe do Executivo também fala a respeito do ótimo momento vivido por Mato Grosso que se tornou a vitrine do mundo graças ao seu poder e capacidade produtiva, principalmente vinda do agronegócio. Fora isso ele confirma que se empenha por obras de infraestrutura, cobra compromissos com o Governo Federal para rodovias, ferrovias e hidrovias e lembra que os esforços serão redobrados a partir de agora para que Cuiabá, Mato Grosso e o Brasil não façam feio na realização da Copa do Mundo de 2014.
A Gazeta - O governo do Estado passa por um momento delicado por causa de denúncias na aquisição de equipamentos rodoviários que foram distribuídos para os 141 municípios. O que aconteceu?
Silval Barbosa Primeiro de tudo é preciso se dizer que para mim, enquanto governador do Estado e de todos mato-grossenses, essa é uma página virada, é passado. Não que eu pretenda esquecer. Tanto não vou que constantemente estou cobrando dos órgãos públicos responsáveis pelas investigações os resultados das apurações. Neste governo, nada foi colocado em baixo do tapete antes, nem agora e nem no futuro.
Gazeta Mas e quanto à participação de secretários ou ex-secretários?
Silval Tenho certeza de que o então governador Blairo Maggi (PR), quando noticiado da existência de denúncias determinou que todas as apurações fossem realizadas e os responsáveis apontados. De lá para cá eu assumi em definitivo o Estado e a minha decisão também foi à mesma, ou seja, investigar até as últimas conseqüências. A sociedade pode ter a certeza de que haverá punições e os recursos voltarão aos cofres.
Gazeta O senhor acredita que as críticas ao Estado são frutos do momento político, por causa da proximidade das eleições?
Silval Existe sim os aproveitadores do momento político, só que a maioria deseja de forma legítima, e que é a nossa determinação e vontade, a apuração rigorosa dos fatos, pois as máquinas existem e são essenciais para o cotidiano dos municípios e do povo. Ninguém tem o direito de brincar com os brios de nossa gente.
Gazeta O senhor não teme uma repercussão negativa na eleição?
Silval Não temo. Sou governador, estou trabalhando e cumprindo com minhas obrigações. Esforço-me diariamente para dar continuidade ao governo iniciado por Blairo Maggi e para melhorar nossas ações. Tenho convicção que a população reconhecerá os avanços conquistados e a nossa capacidade gerencial em fazer muito mais. Tenho certeza que o eleitor saberá comparar o passado ao presente, e reconhecerá que nós temos condições de continuar realizando um futuro melhor para todos.
Gazeta Mas o que leva o senhor a crer que o Estado caminha para um desenvolvimento sem retorno ao passado?
Silval Vivemos um momento impar, onde Mato Grosso se tornou referência para qualquer grande indústria ou empresa do mundo. As ações de infra-estrutura que realizamos e a política de incentivos fiscais garantiram isso. Saímos de 2 mil quilômetros de rodovias estaduais asfaltadas para mais de 6 mil e 500 quilômetros. E vamos continuar nesta toada, ou seja, não faltarão recursos para obras rodoviárias. Vou cobrar também do governo federal a não paralisação das obras de pavimentação das BRs 163 e 158, fundamentais na logística de transporte, seja por rodovia, hidrovia ou ferrovia. Vamos exigir a chegada da Ferronorte a Rondonópolis, Cuiabá e Santarém, no estado do Pará. A Ferronorte ainda será complementada pela ferrovia Leste Oeste, que ligará Mato Grosso ao sistema ferroviário nacional.
Gazeta O senhor em menos de 30 dias de governo lançou dois programas ousados em áreas essenciais como a Saúde e a Segurança Pública. É possível haver melhoras nestas áreas?
Silval Essas áreas já eram prioridade e agora estão recebendo um reforço a mais. Vou perseguir com obstinação os resultados de programas como o fila zero, na saúde, e a drástica redução da criminalidade com o máximo de efetivo policial nas ruas. A saúde e segurança pública atingem diretamente a vida das pessoas e temos que ter cuidado e atenção especial com elas.
Gazeta Esse bom momento que o senhor fala em relação a Mato Grosso se reveste de números?
Silval Sim. Nos últimos 7 anos, dezenas de grandes indústrias aportaram em Mato Grosso, representando um crescimento econômico inegável e em patamares chineses. Só em Cuiabá agora estão sendo instaladas duas novas indústrias. A Vicunha implantará a maior planta produtora de fio de algodão do mundo. A Votorantim abrirá a sua segunda unidade no Estado e se tornará a maior produtora de cimento da América do sul, investindo R$ 350 milhões, gerando 1.200 empregos na obra e mais 520 empregos para colocar a fábrica em funcionamento. São apenas dois exemplos dos muitos colecionados por este governo, garantindo a geração de milhares de empregos e uma distribuição de renda com mais justiça social.
Gazeta A Votorantim chega graças aos incentivos fiscais concedidos pelo seu governo? O senhor sabe que a oposição vai criticar essa política de benefícios nas eleições?
Silval É claro e óbvio que eles vão criticar nossa política de incentivos porque ela funciona, mas vou deixar explícito que vou ser ainda mais aguerrido nesta política. Estas indústrias estão investindo em Mato Grosso porque o governo oferece condições e meios para que elas aportem aqui, mesmo havendo propostas de outros estados concorrentes. Algumas vezes com incentivos ainda maiores.
Gazeta Mesmo sendo difícil governar e ao mesmo tempo fazer política o senhor acredita que conseguirá sobrepor às dificuldades e deslanchar sua campanha eleitoral?
Silval Primeiro de tudo é preciso saber que aqui, neste governo não se mistura política eleitoral com administração. Não aceito que ninguém faça política partidária durante o expediente e vou apresentar para a sociedade como proposta de nosso governo tudo que foi realizado nos últimos 7 anos e com um plus a mais, ou seja, melhorar o que a sociedade considera como necessário e implementar as mudanças que vão garantir no futuro a consolidação do processo de desenvolvimento de Mato Grosso com justiça social e qualidade de vida, ou seja, quem sempre fez poderá continuar fazendo mais.
Gazeta O seu partido o PMDB tem encontrado dificuldades em definir sua participação nas coligações proporcionais. Isso pode causar algum prejuízo?
Silval Não. A legislação eleitoral limita o número de candidatos e isso dificulta um pouco os entendimentos, mas nada que comprometa a coligação com os principais partidos do arco de alianças, o PT e o PR, além de outras siglas também essenciais para a nossa vitória como o PCdoB, PTN, PSC entre outros. Mesmo que prevaleça a disputa por candidaturas, todos os partidos estão imbuídos de fazer parte de um programa consistente e de avanço para Mato Grosso.
Gazeta O senhor acredita em apoio de outros partidos considerados grandes como o PP?
Silval Sim. Nós conversamos com todas as siglas, porque a política é dinâmica e a qualquer momento pode haver novas composições. Tudo é uma questão de conversar e definir as prioridades que cada um tem. A única coisa que dou como certa é que os que me ajudarem a vencer as eleições terão lugar e participação direta em nossa gestão.
Gazeta Mato Grosso pode se tornar a vitrine do mundo graça a Copa do Mundo de 2014. Quais são os seus compromissos para a realização do evento?
Silval Neste ano nós vamos investir mais de R$ 100 milhões de recursos próprios para obras de infraestrutura que garantirão uma grande transformação na vida das pessoas de todo o vale do rio Cuiabá. Serão mudanças tão profundas que direta ou indiretamente, beneficiarão todo o Estado, graças à exposição para todo o mundo das nossas riquezas e potencialidades. Mato Grosso mostrará para o mundo, através dos esforços do nosso povo, que o futuro é aqui e agora.
Gazeta Haverá novos investimentos?
Silval Sim. E em todas as áreas. Diariamente sou procurado por redes hoteleiras interessadas em aqui se instalar. A Copa passará, mas o seu legado ficará. Não faltarão esforços e obras que melhorarão a qualidade de vida do nosso povo, com a melhoria do nosso transporte urbano, de nossas ruas e avenidas, nosso sistema de saúde, nossa segurança pública, enfim, todas as áreas serão contempladas. Quem ganhará com isso é o povo, é Mato Grosso, é o Brasil.
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