Onze são presos em investigação sobre funcionários fantasmas na Assembleia do PR
O chefe do Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado, vinculado ao MPE), procurador Leonir Batisti, disse que o número de prisões poderia ter sido maior se a operação não tivesse sido vazada para parte da imprensa na tarde de ontem. O vazamento, disse ele, será investigado.
O objetivo da operação era aprofundar as investigações sobre o esquema que, segundo o Ministério Público, já apontou desvio de R$ 13 milhões dos cofres da Assembleia por meio de nomeações fraudulentas de funcionários que não cumpriam expediente.
Pela primeira vez na história do Estado, a sede da Assembleia foi alvo de uma operação com cumprimento de mandado judicial. Os promotores foram à gráfica da Assembleia hoje pela manhã onde são rodados os diários contendo os atos administrativos da Casa. A suspeita é que as nomeações eram feitas em diários de periodicidade irregular e de acesso a poucos funcionários do setor administrativo.
O procurador Batisti disse ter encontrado indícios de que a gráfica imprimia diários que não eram postos em circulação no mesmo dia ou no dia seguinte. Um exemplo citado pelo procurador ao verificar um equipamento da gráfica foi o caso de um diário impresso em 13 de julho de 2009, mas cuja edição era de 24 de junho do ano passado. "Os funcionários nos disseram que recebiam ordens da diretoria administrativa para proceder deste modo", afirmou Batisti.
"O mau uso do diário da Assembleia é patente. Revela uma malícia para deixar tudo confuso e estabelecer um álibi para dizer que era tudo desorganizado e não para desvio de dinheiro", descreveu Batisti em entrevista esta tarde na sede do Gaeco, em Curitiba.
A direção da Assembleia não se pronunciou sobre a operação, mas vem reiterando estar colaborando com as investigações. Na entrevista coletiva, o procurador disse que o pedido judicial para entrar na Assembleia também foi motivado para coletar documentos que já haviam sido solicitados à direção da Casa, mas que não estavam sendo entregues "no tempo determinado". "Isso estava gerando uma desconfiança entre os promotores", afirmou Batisti.
O caso dos funcionários fantasmas da Assembleia do Paraná já levou à prisão o ex-diretor-geral da Casa, o empresário Abib Miguel, conhecido como Bibinho, apontado pelo MPE como o chefe do esquema. Bibinho, que foi afastado do cargo que ocupava havia 20 anos, negou até agora todas as acusações.
Entre os presos detidos hoje está o diretor da gráfica, Luiz Carlos Monteiro, e o ex-diretor da área administrativa, José Ary Nassif, que havia conseguido habeas corpus anteontem após 12 dias de prisão. Nassif vem optando por ficar em silêncio nos depoimentos. Até a conclusão da reportagem, Monteiro permanecia prestando depoimento no Gaeco.
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