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Cidades/Geral
Sábado - 08 de Maio de 2010 às 00:56
Por: Renê Dióz

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Geraldo Tavares/DC
No Santa Angelita, espera por obras do PAC para resolver o problema é longa e esgoto segue a céu aberto
No Santa Angelita, espera por obras do PAC para resolver o problema é longa e esgoto segue a céu aberto

A única capital do Centro-Oeste escolhida para subsede da Copa 2014, fora o Distrito Federal, é justamente a que mais sofre com falta de esgoto tratado, segundo pesquisa do Instituto Trata Brasil. Divulgado ontem, o estudo põe Cuiabá na 55ª colocação no ranking de qualidade no serviço de esgoto entre 81 cidades com mais de 300 mil habitantes.

Na comparação com capitais vizinhas, Cuiabá está 41 posições atrás de Goiânia (11ª cidade do ranking nacional) e 19 atrás de Campo Grande (36ª colocação). Isso sem falar em Brasília: a capital federal é a nona colocada do país. O ranking foi baseado em análises dos sistemas de esgoto entre 2003 e 2008, de acordo com números que o Ministério das Cidades colheu entre as empresas e prefeituras. Apenas Aracaju (SE), Palmas (TO) e Boa Vista (RR) não entraram no ranking.

A pesquisa leva em conta aspectos como a cobertura da rede de esgoto entre a população e conformidade ambiental (volume de esgoto tratado por água consumida). Este é justamente um dos pontos onde Cuiabá se complica. Tal como Diadema (SP), Florianópolis (SC), Belford Roxo (RJ), Santo André (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Paulista (PE), a capital mato-grossense diminuiu sua cobertura de esgoto tratado – tratava 29% em 2007 e apenas 14% em 2008.

O sistema insuficiente de esgoto na Capital é de conhecimento prático da população, seja na periferia ou em bairros até considerados centrais. No Santa Angelita, onde as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pararam de avançar, o esgoto corre a céu aberto há pelo menos 15 anos. É mais ou menos o tempo em que a desempregada Odailza Rosa, 26 anos, vive lá. Água tem, mas o esgoto ainda é uma promessa que nenhuma administração municipal cumpriu.

Em frente a sua casa, Odailza convive com uma verdadeira poça de dejetos vindos dos canos que saem das casas vizinhas. Para passar, precisa de uma pequena tábua de madeira. Com as chuvas, tudo transborda e o mau cheiro se alastra. Para piorar, às vezes de três em três meses ela precisa pagar um limpa-fossa para amenizar a situação. Paga até R$ 80 pelo serviço, o que diz fazer uma falta significativa para uma casa cuja renda é de três salários mínimos. E que paga seus impostos. “O mais chato é lembrar que nunca mudou nada. To na expectativa de que esse PAC traga coisa boa”.

Outros que ficam na expectativa são os moradores da região do Praeirinho, ao lado do córrego do Barbado. Ali, crianças brincam em meio à sujeira das margens, para onde as casas direcionam os canos que despejam seus dejetos. É basicamente isto que a moradora Isabel Santos, de 21 anos, tem visto desde criança no bairro. Diz que a prefeitura considera a área um “grilo” e, por isso, não pode realizar obras de saneamento, mas duvida que serão levados para casas populares, como prometido após a última enchente do Barbado.

SANECAP – A reportagem procurou a Sanecap para comentar a pesquisa do Instituto Trata Brasil. Porém, o engenheiro Noé Rafael da Silva se limitou a dizer que desconhece os números do estudo e que, de acordo com a Sanecap, Cuiabá recolhe 38% de seu esgoto e trata 28%, número acima da média nacional. Com as obras do PAC, pretende-se tratar 60%.






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