Projeto Japuíra já chega a dez cidades beneficiando mais de duas mil pessoas
IMAmt amplia projeto social de emprego e renda
Procurando ampliar mais um segmento do algodão desde 2002 o Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), criado pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), vem desenvolvendo um projeto social inovador com o objetivo de proporcionar trabalho e renda. Estender a cotonicultura à população de vários municípios que não estão ligados diretamente ao setor. Caso por exemplo do setor de confecções. Tudo começou na cidade de Rondonópolis, região sul do Estado, distante 218 km da Capital, por meio de parcerias com o Centro Estadual de Educação Profissional e Tecnologia de Mato Grosso (Ceprotec) e Prefeitura Municipal.
A ideia do IMAmt já contemplou mais de duas mil pessoas, e saiu dos limites de Rondonópolis e hoje se estende aos municípios de Poxoréo, Guiratinga, Juscimeira, São José do Povo, Campo Verde, Ouro Branco do Sul, Nortelândia, Arenápolis e Nova Guarita. A meta de ampliar o Japuíra continuou e agora os técnicos estão transformando sua abrangência, levando os moldes do que foi feito em Rondonópolis com incubadoras de indústrias de confecções, e levando ao norte de Mato Grosso.
Japuíra no norte de MT
Um exemplo do grande interesse despertado pelo projeto nas comunidades do interior pode ser observado na pequena cidade de Denise, localizada a cerca de 208 Km de Cuiabá. Caso de Francisca Aparecida de Barros Barbosa, uma advogada que se diz inconformada com a estagnação econômica do município. Ela procurou reunir mais de 20 mulheres para ouvir explicações dos técnicos sobre o objetivo do projeto. Em tom enfático, Francisca chegou a fazer um desafio empolgada com a possibilidade de incentivar a instalação de pequenas fabricas de confecções na cidade que escolheu para viver em razão da profissão do marido, que trabalha na produção de cana. Segundo ela, não é admissível que os moradores dessa região tenham de buscar matéria prima tão longe como São Paulo (SP) e Goiânia (GO) para vender nas lojas da cidade, com preços chegando até 100% a mais. “Vamos buscar todas as formas, e achamos que esse projeto do Instituto do Algodão nos apresenta essa possibilidade”, destacou.
Muitas dessas pessoas estão se organizando em forma de cooperativas e esse tem sido um canal importante para a implantação do projeto. Em Sinop, por exemplo, distante 503 km de Cuiabá, já existe uma cooperativa e o otimismo cresceu tanto que as costureiras já pensam, não só em aderir a iniciativa, como o sonho de transformar a cidade em município pólo. A costureira Valdete Novelli diz que está muito otimista e elogia o espírito empreendedor dos moradores. Valdete afirma ainda que com o talento que já tem e com a chance de receber um treinamento qualificado como o proporcionado pelo IMAmt não há como não dar certo.
Ainda em Sinop o interesse pelo projeto acabou recebendo uma determinação do prefeito da cidade, Juarez Gomes, para que a Secretaria Municipal de Indústria e Comercio procurasse o Instituto. Ali uma iniciativa semelhante vem sendo desenvolvida com sucesso na área da merenda escolar. “Agora nossa meta é a fabricação de uniformes escolares”, disse o secretario de Indústria e Comércio, Nevandir Graf. Ele reforçou que a atual situação de mercado é favorável, e que isso representaria apenas o começo de mais uma alternativa em termos de geração de emprego e renda. “Com o suporte e acompanhamento técnico, oferecidos pelo IMAMT e a pareceria com a prefeitura, não tenho dúvidas que poderemos nos tornarmos uma cidade pólo para a região com o tipo de produção”, comentou . “Essas pequenas fábricas podem se tornar no futuro um importante segmento econômico, em nossa cidade que passou a ser referência desenvolvimentista em Mato Grosso”, destacou.
Na distante Nova Santa Helena, que fica localizada a 120 km da divisa com o Estado do Pará e a 622 km de Cuiabá, mais um exemplo de estagnação econômica. Os cinco mil habitantes do lugar têm pouca alternativa de sobrevivência por causa da atividade econômica voltada para a agricultura. O comércio compra de fora tudo que vem para a cidade. Especialmente roupas que acabam encarecidas pela longa viagem entre o município e Estados de São Paulo e Goiás. Em busca de saídas, os agricultores fundaram a Cooperativa dos Produtores Familiares e Confeccionistas Portal da Amazônia. Por enquanto, o trabalho desenvolvido está baseado no artesanato, mas o pessoal já visualizou o projeto Japuíra. Nivanilce Rodrigues da Silva, que é a vice-presidente da cooperativa, disse que já existem pessoas qualificadas, mas com novos cursos é possível aperfeiçoar potencial das costureiras e bordadeiras nesse município. “O que precisamos aqui é oportunidade”, enfatizou Nivanilce.
Prefeitura promete dar apoio
O prefeito de Nova Santa Helena, Dorival Lorca, elogiou a iniciativa, e lembrou situações como a do povo nordestino que deixou suas origens indo para São Paulo em busca de emprego, e, hoje, muitos engrossam favelas na metrópole. Segundo Lorca, isso deve ser evitado fazendo um papel inverso. No lugar de ir para outras regiões, o que deve ser feito é oferecer alternativa de emprego aos moradores da região amazônica. “Pequenas fábricas de confecções podem ser a saída”, afirmou. Depois prometeu dar apoio integral do Executivo ao Japuíra instituído pelo segmento algodoeiro do Estado. Pretende também incentivar uma grande parceria, envolvendo além da prefeitura, a Câmara de Vereadores e a Cooperativa dos Agricultores.
Para Romero Sobreira de Carvalho, consultor contratado pelo IMAmt para o Projeto Japuíra, a ideia surgiu depois que o instituto viu a necessidade e a questão da geração de renda nas cidades do interior estagnadas economicamente. “Esse projeto tem seu objetivo social porque o instituto viu a necessidade de fomentar a produção”, destacou Romero. Neste caso, a indústria de confecções foi a escolhida pelo IMAmt, para tentar contribuir no sentido de reverter essa situação de desvantagem econômica em muitas cidades do Estado.
Outro objetivo, destacado por Romero Sobreira, é o de agregar valor ao setor algodoeiro. De acordo com ele, o IMAmt só atua no Japuíra por meio de instituições como, por exemplo, prefeituras municipais. O Instituto oferece as informações técnicas, cursos e treinamentos para as costureiras, e também as máquinas para o aprendizado. Romero ressaltou que o resultado vem sendo alcançado de forma até surpreendente. Assim que as pessoas ficaram sabendo do projeto em Rondonópolis, acabou ganhando dimensão ainda maior. “Nas visitas às cidades localizadas no norte do Estado, tivemos a oportunidade de conversar de forma franca e direta com as costureiras, que são as principais personagens desse trabalho”, lembrou. “Informamos, por exemplo, que esse é um processo de longo prazo, e que exige muito esforço de todos os segmentos envolvidos na estruturação do projeto”, reforçou o consultor.
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