Mamografia antes dos 40 não compensa
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Mulher se submete a mamografia em hospital nos EUA; exame antes dos 40 não compensa |
Pesquisadores da Universidade de Carolina do Norte examinaram registros de 117 mil mulheres de 18 a 39 anos que realizaram o exame entre 1995 e 2005 e as acompanharam por um ano. As pacientes apresentaram índices muito baixos de câncer de mama, mas se sujeitaram à indicação excessiva de novos exames, o que causou um investimento financeiro e emocional inútil, sem falar na exposição desnecessária à radiação.
Como comparação, os pesquisadores reduziram hipoteticamente o universo pesquisado em 10 mil mulheres de 35 a 39 anos. Nessa proporção, 1.266 teriam de realizar outros exames, 1.250 receberiam falsos positivos e somente 16 teriam um câncer detectado.
O medo de desenvolver esse tipo de câncer e a falsa impressão de que o exame é crucial na prevenção da doença faz com que as pacientes jovens solicitem a seus médicos a realização precoce da mamografia.
"Existem jovens que querem fazer o exame semestralmente. Mas ele só deve ser feito como rotina acima dos 40 anos, pois uma das limitações da mamografia é não conseguir apontar lesões em mamas muito densas, características das mulheres mais jovens e sem filhos", afirma a mastologista Maira Caleffi, presidente da Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama).
Para pacientes dessa faixa etária, o mais recomendado pelos especialistas é o exame clínico, realizado por médico habilitado, como o ginecologista, e o autoexame rotineiro, por meio do qual a mulher pode encontrar alguma anomalia e comunicar o médico.
"Tenho três ou quatro casos de pacientes jovens com câncer por mês: 80% delas suspeitaram de alterações e me procuraram", acrescenta Caleffi.
No Brasil, 26% das mulheres entre 25 e 29 anos e 40% das que têm entre 30 e 39 realizaram mamografia ao menos uma vez, segundo levantamento de 2008 da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), realizada pelo IBGE.
Indicações precisas
A recomendação oficial do Instituto Nacional de Câncer é que a mamografia seja realizada como rotina a cada dois anos a partir dos 50 anos e que o exame clínico seja feito anualmente a partir dos 40.
Mulheres com alto risco, isto é, com histórico próprio, na família ou mutações genéticas que favorecem o câncer de mama, devem fazer mamografia anual desde os 35 anos, acompanhada de exame clínico.
"Para a população mais jovem, não há recomendação oficial, porque o Inca se baseia em evidências: estudos iniciais mostram que os benefícios das intervenções se acumulam a partir dos 40 anos", diz Ronaldo Correa, técnico da Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica do instituto.
Editoria de Arte/Folha Imagem | ||
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