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Economia
Segunda - 03 de Maio de 2010 às 04:30
Por: Marcel Gugoni

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Pesquisador diz que desemprego deve cair para níveis anteriores aos dos anos 1980
Pesquisador diz que desemprego deve cair para níveis anteriores aos dos anos 1980
O ano de 2010 promete ser um dos melhores para o mercado de trabalho, com a criação de milhares de vagas e queda do nível do desemprego para patamares não vistos nesta década. A avaliação é do coordenador técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Clemente Ganz Lúcio.

Em entrevista ao R7, o especialista afirma que o mercado de trabalho vai se recuperar neste ano e que as demissões vistas nos primeiros três meses do ano são apenas sazonais.

 

O Dieese e a Fundação Seade divulgaram nesta semana que o desemprego subiu entre fevereiro e março – mantendo a trajetória dos dois meses anteriores – para 13,7%. Apesar de 2,767 milhões de pessoas estarem desempregadas, esse é o menor contingente para meses de março desde 1998.

Para ele, a partir de maio, o mercado de trabalho deve voltar a contratar num ritmo mais forte do que visto no ano passado. A estimativa de crescimento de 5,5% a 6% da economia brasileira neste ano vai gerar empregos, mas o temor é de que falte profissional qualificado, o que pode causar um “apagão de mão de obra”. Lúcio diz que os investimentos em educação técnica podem ser a maior saída para esse problema.

Leia abaixo toda a entrevista com o coordenador técnico do Dieese:

R7 – O desemprego neste ano vai continuar aumentando como visto no primeiro trimestre?

Clemente Ganz Lúcio – O aumento do desemprego agora é sazonal. Nossa perspectiva é que ele volte a ter uma curva de queda, a partir de maio. No final do ano, com certeza, teremos a menor taxa de desemprego de uma longa série. Ela subiu [no trimestre] porque é típico subir, mas até dezembro deve cair para níveis só vistos nos anos 80, tanto nas regiões metropolitanas [de Salvador, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre e Recife] quanto em São Paulo. Devemos ter recordes históricos de queda no desemprego neste ano. Espero e desejo que isso aconteça.

R7 – Há risco de um apagão na mão de obra, como visto no começo dos anos 2000?

Lúcio  - Há um paradoxo nessa questão, porque vemos que o desemprego subiu, enquanto tem muita gente procurando emprego. Por que esse fato ocorre? Isso é resultado da insuficiência de um sistema de educação técnica e profissional. O Brasil, em decorrência de um longo período de baixas taxas de crescimento, quase que desmobilizou o pouco que tinha da oferta de educação técnica [nos anos 1980 e 90]. Com a retomada do crescimento econômico, crescem a produção e a necessidade de contratar mais gente. Precisa ter crescimento para gerar emprego. Nesse processo, que vemos desde 2004, as empresas absorvem os profissionais do mercado. Engenheiro, ferramenteiro, serralheiro, muitos profissionais de nível médio, foram contratados. Agora esses profissionais começam a faltar no mercado e as escolas não conseguem suprir.

R7 – Quais são os setores que mais sentem falta dessa mão de obra qualificada?

Lúcio - A construção civil, que tem a maior taxa de crescimento entre os setores hoje, é a que mais sofre com a falta de profissionais. Tem muito investimento do governo federal. O PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] amplia a taxa de implantação com obras, gerando milhares de empregos. Os governos estaduais também fazem obras. As empresas também investem, porque o investimento não é só em máquinas, mas em ampliação de fábricas. É um setor bastante demandado hoje e, nos anos 1990, foi um setor bastante afetado. Nenhum país que é sério no desenvolvimento econômico deixa de ter um programa forte de criação de engenheiros. E não é só o engenheiro, mas o técnico também: ferramenteiro, azulejista, eletricista, entre outros.

Outro que vem em sentido mais recente é a indústria, em geral. Após a estagnação de 2008 e 2009, a indústria voltou a contratar. Todos os setores que têm mais presença no mercado interno sofrem mais, principalmente aqueles fora do eixo Rio-SP e que baseiam sua força de trabalho em profissões técnicas e de nível médio.





Fonte: do R7

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