Homero defende que Eder e Geraldo se afastem do governo
O deputado federal Homero Pereira defendeu, em entrevista ao blog, que todos envolvidos no processo licitatório viciado da compra das 705 máquinas pelo governo estadual, que se transformou em escândalo nacional, deixem as funções na administração ou ao menos saíam de licença. Vilceu Marchetti, que conduzia a secretaria de Infraestrutura, responsável por quase todo o processo, já caiu. Na opinião de Homero, outros secretários contra os quais pesam suspeitas deveriam pediram afastamento para facilitar a apuração da denúncia. Ele não mencionou nomes, mas o recado fora para Eder de Moraes (ex-Fazenda e hoje na Casa Civil) e Geraldo de Vitto (Administração). Apesar do apelo do deputado republicano, que se mostra temeroso com o desgate político e com a lisura do processo de investigação, principalmente em ano eleitoral, a tendência é que o governador Silval Barbosa "segure" Éder e Geraldo no primeiro escalão. O argumento é que ambos não têm participação no processo. A culpa começa a cair sobre os ombros da pasta de Infraestrutura, tanto que Vilceu já pediu exoneração.
Homero prestigiou no sábado à noite o 30º Festival Internacional de Pesca de Cáceres. Em pré-campanha à reeleição, o ex-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Famato) se mostrou eufórico com o pronunciamento com frequência pelo locutor do seu nome por ter sido um dos que contribuíram com festival, a partir de recursos assegurados por emenda parlamentar junto ao Orçamento-Geral da União. Homero passou a ampliar base numa região até então considerada "curral eleitoral" do colega federal Pedro Henry (PP).
Momentos antes do início do show de Zé Ramalho, o deputado, rodeado de assessores, comentou que o ex-governador Blairo Maggi "teve atuação implacável no sentido de punir qualquer tipo de improbidade administrativa". Lembrou de episódios desde o início da gestão, em 2003, como a acusação sobre improbidade contra o então secretário de Meio Ambiente Moacir Pires, que foi exonerado sumariamente, e também a denúncia contra Cláudio Pires, que presidia a Imprensa Oficial do Estado e que também acabou desligado do governo por determinação de Maggi. "O Blairo sempre teve uma postura de isenção e de seguir a lei para não macular o governo", diz Homero.
Questionado se a administração não foi conivente ou omissa diante da compra com indícios de superfaturamento em R$ 26,1 milhões das máquinas pesadas no final do ano passado e que "estourou" agora, Homero Pereira saiu em defesa tanto de Maggi quanto do sucessor Silval Barbosa (PMDB). Segundo ele, Maggi, enquanto governador, tomou todas as providências necessárias e, Silval, as reforçou. Mandou a Auditoria-Geral e a Procuradoria-Geral do Estado investigar a denúncia de que teria havido sobrepreço e acionou depois o Ministério Público para aprofundar na apuração dos fatos. "Se tem culpados, que sejam punidos e que venham responder por isso na Justiça".
Para Homero, o escândalo não deve atrapalhar os projetos de reeleição de Silval e a campanha de senador de Maggi. Na sua avaliação, se fosse assim, as denúncias sobre irregularidades nos projetos do PAC teriam prejudicadas a ex-ministra e presidenciável do PT Dilma Rousseff, assim como teriam complicado para José Serra as acusações contra o ex-governador e também presidenciável tucano acerca de fraudes nas obras do metrô de São Paulo. "A sociedade não vai vincular esse episódio com o nome desse ou naquele candidato. Sei que a oposição vai bater, mas o Blairo ou Silval não podem chamar para eles a crise que não é deles, afinal, tomaram a atitude necessária".
O parlamentar disse que o certo seriam os nomes envolvidos no processo pedir licença do cargo para não criar constrangimento ao Palácio Paiaguás e no sentido de contribuir também para com as investigações. "Assim, teria mais liberdade. É preciso ter essa grandeza e, no final, se não dever nada, tudo fica esclarecido. Acho que essa deveria ser uma atitude de todos citados". Coube à Infraestrutura, então sob Vilceu, montar o processo licitatório; à Administração, cujo responsável é Geraldo de Vitto, chamar o pregão presencial e; à Fazenda, que estava sob Eder, liberar o pagamento de R$ 241 milhões, inclusive à vista, com financiamento junto ao BNDES. Na avaliação de Homero, se os secretários citados ficarem no cargo e dando explicações o tempo todo, vão enfrentar situação cada vez mais delicada. "Isso aumenta mais a angústia. Esse assunto não pode ser o tema central da campanha eleitoral".
Disputa
Na ótica do deputado republicano, Maggi reune todas condições de se eleger senador e de dar novo direcionamento no Congresso Nacional porque tem propostas inovadoras. "Ele (Maggi) é um dos nomes mais respeitados do país na área empresarial e, na política, dará sua contribuição". Sobre Silval, que tem apoio do PR na corrida à reeleição, Homero diz apostar em êxito nas urnas. Entende que o peemedebista possui experiência na vida pública, pois já foi prefeito de Matupá, deputado estadual e desde o início da gestão, como vice, se mostrava atuante. Considera que, se for mantidas as três candidaturas, com Silval, Wilson Santos e Mauro Mendes, a tendência é de haver disputa de dois turnos. "Espero que o Silval possa ser reeleito para continuar conduzindo bem a administração estadual".
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