Tony Ramos interpreta quarto personagem estrangeiro na novela "Passione"
Aos 61 anos e há 46 na TV, Tony está acostumado a viver personagens d"além mar. "Passione" será o quarto trabalho --dos últimos cinco na TV-- no qual faz um estrangeiro.
De 2005 até agora, o ator paranaense, nascido em Arapongas (PR), foi brasileiro apenas em "Paraíso Tropical", como o empresário Antenor Cavalcanti. Nas demais, viveu um americano, um grego e um indiano.
Segundo Silvio de Abreu, que também escalou Tony como o grego Nikos de "Belíssima", o personagem italiano estava prometido ao ator há tempos.
"Tony é um excelente ator, de uma emoção verdadeira e que está sempre disposto a aprender mais --e isso inclui outras culturas", diz Silvio.
Tony acredita que a recorrência no papel de estrangeiro é "mera coincidência". Ele admite, porém, que seu tipo é "multirracial", fruto da ascendência, que mistura sangue português, espanhol, inglês e italiano.
O ator conta que recorre até ao dicionário de alemão para ler poemas no idioma original. E concorda com o novelista sobre seu interesse em conhecer outras culturas e línguas.
"Viajar para mim não é só olhar por olhar, é olhar o lado de lá do cartão-postal. E é o que eu faço como ator", afirma.
Preparação
Na lista de seus destinos favoritos estão Portugal, Espanha, França, Escócia, Irlanda e Japão. E será que daria para viver um japonês?
"Aí seria um exagero. Mas porque não um cônsul brasileiro no Japão ou um empresário que vive no Japão?", sugere.
Para chegar à "musicalidade" --que ele diz transcender o sotaque-- de seus estrangeiros, Tony faz uma preparação que envolve desde assistir a filmes a fazer uma longa estada no país onde nasceu o personagem.
Por opção pessoal, ele chegou à Itália antes de a produção da novela começar. Ao todo, passou quase dois meses por lá.
Procurou pequenos produtores, colheu azeitonas, conheceu o processo de fabricação do azeite de oliva e até dirigiu um trator. Isso tudo porque Totó é um pequeno agricultor na Itália e virá ao Brasil quando sua mãe, interpretada por Fernanda Montenegro, reencontrá-lo.
"Isso tudo [a experiência no campo] aconteceu comigo, ninguém foi me contar."
A preparação envolveu também aprender o idioma. Tony está fazendo aulas de italiano desde outubro para convencer no que ele chama de "portiliano", um português com sonoridade e expressões italianas.
O recurso é diferente do usado para fazer o Opash de "Caminho das Índias", que falava um português perfeito, apenas com expressões indianas.
"O mais difícil foi na Grécia, porque eu tinha que contracenar com atores gregos em grego. A minha atenção tinha que ser redobrada", lembra.
Como todo ator, ele ressalta que não se trata só de fazer o sotaque, mas sim de encontrar a "alma" de seus personagens.
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