No final da marcha, no Arpoador, os manifestantes acenderam velas para lembrar as vítimas da guerra do tráfico de drogas. Segundo o organizador do evento, Ricardo Cinco, se o uso da droga fosse legalizado e descriminalizado, não haveria tanta morte a se lamentar na cidade.
A marcha, que saiu do Jardim de Alah, no Leblon, começou com cerca de 300 pessoas e 45 minutos de atraso. Os organizadores tiveram dificuldade para liberar o uso do carro de som. Depois de resolvido o problema, os manifestantes, a maioria jovens, saíram pela orla, com
faixas, cartazes e até máscaras com o rosto de ídolos, como Bob Marley, Marcelo D2, Gilberto Gil, Che Guevara e Chico Buarque.
Como em todos os anos, o ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, marcou presença defendendo uma política menos hipócrita no que se refere às leis contra as drogas.
Cartaz polêmico
O universitário Diego Mello diz que Jesus usava
óleo de cânhamo para curar os doentes
(Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)
Com um cartaz onde se lia "Jesus usava maconha", o universitário Diego Mello, de 21 anos, defendia o uso recreativo e terapêutico da droga, acrescentando que Jesus promovia a cura banhando os doentes em óleo de cânhamo. Diego, que tem de fazer acompanhamento pelo Narcóticos Anônimos desde o ano passado, quando foi detido fumando maconha - diz que existe uma vasta literatura estrangeira que prova isso.
"Fui preso, mas não abandono minhas convicções. Acho que se a maconha fosse liberada viveríamos num mundo muito menos violento e muito melhor. Seguirei lutando sempre”, disse o estudante.
Os irmãos Helena, de 80 anos, e Hélio, de 79, lutam
contra a hipocrisia (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)
Os irmãos Hélio Xavier, de 79 anos, e Helena, 80 anos, moradores da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, fizeram questão de participar da marcha. Com uma hérnia de disco, Helena disse que caminharia o quanto aguentasse.
“Venho aqui defender a legalização, para acabar com essa hipocrisia, com essa violência”, disse Helena.
Hélio, professor aposentado da rede pública em Brasília, conta que, na década de 50, já defendia a descriminalização da droga.
“Continuo coerente e consciente até hoje, defendendo meus pontos de vista”, disse o aposentado, que afirma que vai marchar com os jovens até que a droga seja descriminalizada.
O único incidente registrado durante a marcha ficou por conta de um rapaz, que, flagrado ao pichar um poste e um banco com o desenho da planta, foi detido pela PM.
Manifestantes participam da marcha da maconha, na Zona Sul do Rio (Foto: Alba Valéria Mendonça)
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