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Internacional
Quarta - 28 de Abril de 2010 às 17:51

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Mais dois brasileiros foram presos nesta quarta-feira em Pedro Juan Caballero, na fronteira do Brasil com o Paraguai, informou à Folha por telefone a chefe de imprensa do Ministério do Interior paraguaio, Marisol Carrillo.

Segundo ela, os dois teriam ligações com o PCC (Primeiro Comando da Capital) e estariam envolvidos no ataque contra o senador Robert Acevedo, na última segunda-feira (16).

Os brasileiros foram identificados como Josué dos Santos e Daniel dos Santos pelo site do jornal paraguaio "ABC", que afirma que os dois tentavam chegar à casa de um suposto narcotraficante no bairro de Maria Victoria.

Robert Acevedo é senador pelo Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), e foi vítima de um atentado na cidade de Juan Pedro Caballero. O motorista e segurança pessoal que acompanhavam Acevedo morreram, e ele foi alvejado com dois tiros.
 

Daniel Figueredo/Reuters
O senador Robert Acevedo, alvo de ataque no Paraguai; segundo ministério do Interior, não há provas de envolvimento do PCC
O senador Robert Acevedo, alvo de ataque no Paraguai; em entrevista, ele diz acreditar em envolvimento do PCC na ação


Proprietário de uma rádio, Acevedo é conhecido pelas duras críticas aos narcotraficantes que dominam a região de fronteira entre o Paraguai e o Brasil. Em entrevista à Folha ele culpou o narcotráfico pelos ataques.

O estado de sáude do senador melhorou muito e ele pode ter alta entre a noite de hoje e a manhã da quinta-feira, disse o irmão do senador, José Carlos Acevedo.

Clima tenso

Ainda ontem o presidente do Congresso, Miguel Carrizosa, esteve em Pedro Juan Caballero visitando o senador internado e pedindo que a segurança dele se mantenha reforçada.

Após ordens do ministro do Interior, Rafael Filizzola, na terça-feira, o efetivo que garante a integridade de Acevedo foi aumentado e deve permanecer assim pelos próximos dias.

Para o irmão do senador Acevedo, o clima na cidade de Pedro Juan Caballero, local dos ataques, é de muito medo. "As pessoas comentam na rua, se isso aconteceu com um senador, o que pode acontecer com uma pessoa comum?", disse.

José Carlos também ressaltou a contribuição do governo brasileiro nas investigações do caso. "O Brasil está ajudando muito, as polícias civil e militar, a embaixada em Assunção, todo o esforço que estão fazendo auxilia para que o autores materiais e morais deste crime sejam rapidamente encontrados", informou à Folha por telefone.

Sobre a saída do senador Robert Acevedo da cidade de Pedro Juan Caballero, seu irmão adiantou que ainda não há decisão concreta. "Ele já alterna entre as duas cidades, durante a semana e fim de semana, mas poderá ter que ficar somente na capital neste momento inicial", indicou.

Militarização

Após visitar o senador Robert Acevedo na clínica San Lucas, o presidente do Congresso paraguaio, Miguel Carrizosa, anunciou que fará um pedido formal ao presidente Fernando Lugo para que aumente a presença militar na região.

Em entrevista ao jornal "La Nacion", Carrizosa afirmou que o senador Acevedo deveria deixar a cidade e se radicar na capital.

"Solicitaremos ao presidente Lugo a militarização de Pedro Juan Caballero", disse o parlamentar ao sair do hospital. Para ele a violência na cidade, que já está sob estado de exceção, "ultrapassou os limites".

De acordo com o Congresso a polícia precisa intensificar as investigações para encontrar com mais rapidez os mandantes do atentado contra o senador Robert Acevedo.

"Só estão pegando os "peixes pequenos", enquanto os "peixes grandes" estão escapando, pouco a pouco", disse Carrizosa ao jornal "La Nacion".

Atentado

O veículo do político sofreu cerca de 40 impactos de bala nesta segunda-feira, em um atentado que matou seu motorista e seu segurança particular. O senador pelo Partido Liberal foi atingido por duas balas.

O fato ocorreu em pleno centro da cidade de Pedro Juan Caballero, capital do Departamento (Estado) de Amambay, separado por uma avenida de Ponta Porã, no Brasil.

Segundo o ministério do Interior do Paraguai, o próprio senador teria comentado anteriormente que sua cabeça valeria US$ 500 mil (cerca de R$ 800 mil). Seu irmão confirmou essa afirmação. "É verdade, puseram um preço em sua cabeça, gente de Brasil, do PCC", disse José Carlos Acevedo.

"Ele sempre faz denúncias e critica o trabalho ilegal que fazem aqui no Paraguai. Nós queremos ter um Paraguai melhor, e não que gente estranha venha tentar mandar no território aqui", explicou José Carlos.

Brasil e PCC

Em entrevista à mídia local, o senador também atribuiu o ataque à máfia do narcotráfico que domina a fronteira entre Paraguai e Brasil.

"Os responsáveis são narcotraficantes paraguaios associados com os brasileiros. Eles estão infiltrados na sociedade e são donos da vida e da morte. Eu me salvei por um milagre", disse Acevedo à imprensa.

O chefe de polícia da cidade de Pedro Juan Caballero, o comissário Francisco González, informou à Folha nesta terça-feira que o carro utilizado no atentado ao senador liberal Roberto Acevedo era um Ford Ranger de origem brasileira, com placa de São Paulo, e era um veículo clonado.

O comissário disse ainda que, na noite de ontem, o ministro do Interior, Rafael Filizola, esteve na cidade e pediu que o inquérito seja conduzido com rapidez.

"Filizola também deu instruções à polícia para garantir a segurança do senador enquanto ele estiver internado no hospital em Pedro Juan Caballero", informou o chefe de polícia.

Sobre as investigações, González afirmou que "estão a cargo da Justiça", mas disse que todos os esforços da polícia nacional estão voltados para a rápida solução do caso.

Indagado acerca de uma possível ligação com a facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital), González afirmou tratar-se de uma "hipótese". "Não se pode adiantar nada ainda sobre a conexão com o PCC, mas neste momento não estamos descartando essa possibilidade", disse.

O ministério do Interior paraguaio confirmou ontem as identidades de dois brasileiros detidos como suspeitos do atentado, e indicou que as investigações já estão em estágio avançado.

A chefe de imprensa do ministério, Dolly Olmedo, disse em entrevista por telefone à Folha que os brasileiros Eduardo da Silva, 27, e Marcos Cordeiro Pereira, 34, estão presos na cidade de Pedro Juan Caballero, mas explicou que a polícia paraguaia ainda não tem comprovação da ligação dos dois com o PCC (Primeiro Comando da Capital), informação publicada pela imprensa local.

A cidade de Pedro Juan Caballero é a capital de Amambay, um dos Departamentos (Estados) declarados em estado de exceção pelo Parlamento paraguaio para combater a guerrilha EPP. O estado de exceção, decretado por 30 dias, afeta os Departamentos de Concepción, San Pedro, Amambay, Presidente Hayes e Alto Paraguai, onde vivem 800 mil pessoas, quatro deles fazem fronteira com o Brasil.

A polícia descartou qualquer ligação entre o EPP e o atentado desta segunda-feira.






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