Militar paranaense, um dos quatro que passaram mal no dia da morte de colega, falou à delegada ontem. Polícia mantém sigilo sobre informações prestadas
PM que sofreu trauma presta depoimento
O inquérito civil que apura as circunstâncias do trágico treinamento da Polícia Militar do último sábado, na região de Manso, contou ontem com o depoimento do segundo militar que passou mal durante as mesmas atividades que levaram à morte por afogamento o soldado alagoano Abinoão Soares de Oliveira, 34 anos.
O paranaense Luciano Prezato prestou esclarecimentos no segundo dia de oitivas. Na segunda-feira, a delegada Ana Cristina Feldner ouviu o militar Tiago Rodrigues Mendes da Silva, de Goiás, outro que passou mal após as atividades dentro d’água para durante o treinamento do curso de Tripulação Operacional de Multimissão (TOMM).
Além do militar paranaense, outros três participantes do treinamento vindos de outros Estados foram ouvidos ontem para o inquérito civil, sendo um de Tocantins, outro de Rondônia e um provavelmente do Amazonas. Presentes no Cisc Verdão durante a tarde, eles se recusaram a informar a identidade, tampouco o teor dos depoimentos, para não comprometer o andamento do inquérito.
A delegada também mantém em sigilo o conteúdo das oitivas. Ontem, ela só informou que as declarações dos alunos do curso de sábado têm sido longas e que solicitou exame de corpo de delito para averiguar o estado de saúde de todos. Ela estima em até 13 o número de militares de outros Estados. Até o momento, a delegada tem priorizado o depoimento deles. Contando com o primeiro dia de oitivas, até a tarde de ontem sete pessoas já tinham sido ouvidas, mas a delegada ainda pretendia obter o depoimento de outras três no mesmo dia.
Dentre os militares que passaram mal durante o treinamento, a delegada ainda aguarda o aval médico para poder obter o depoimento de Flávia Aparecida Rodrigues. Ela teria sofrido com água nos pulmões após os exercícios de treinamento no sábado e continua internada em um hospital particular da Capital.
Já segundo o médico que está cuidando da militar, Nadim Amui Júnior, Flávia tem melhorado bastante. Ela, que chegou consciente ao hospital, está sendo tratada com antibióticos e inalação e passará ainda por uma tomografia no tórax. Amui cogita uma alta ainda para hoje, dependendo do resultado dos exames, e o retorno da militar ao treinamento amanhã.
Um inquérito militar corre paralelamente para apurar o que ocorreu no último sábado, mas o corregedor da PM, Joelson Sampaio, não fala sobre linha de investigação ou sobre pistas que sugiram erro militar durante os treinamentos. Somente informa que algumas oitivas foram realizadas.
O CASO – O TOMM realizado no último sábado contou com a participação de 25 militares, muitos vindos de outros Estados. Eles faziam treinamento aquático trocando de roupa dentro da lagoa do Manso, que tem dois metros de profundidade. A tarefa era ter fôlego para a troca. Foi durante esta atividade que Abinoão não resistiu e morreu por afogamento. As demais vítimas, três militares, passaram mal.
O secretário de Justiça e Segurança Pública Diógenes Curado admitiu que houve erro durante o treinamento. Ele determinou que toda a equipe de instrutores fosse trocada, como forma de evitar novos contratempos. O curso chegou a ser suspenso, mas Curado determinou continuidade.
“Se houve morte, houve erro. O que temos que fazer agora é apurar onde ocorreu e quem cometeu esses erros”, disse ontem de manhã, em seu gabinete. Ele reforçou o entendimento de que se trata de um crime militar, uma vez que o curso de sábado é ministrado por militares. Ele adiantou que, caso seja confirmado se tratar de um crime militar, os dois inquéritos – o militar e o civil – serão transformados em um só para enviar à Justiça Militar.
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