Mantega pede que países emergentes tenham mais peso no FMI
Em discurso perante o IMFC (Comitê Monetário e Financeiro Internacional, na sigla em inglês), o principal órgão assessor do Fundo, Mantega acusou a gerência de "falta de ambição" no alcance da reforma.
O ministro solicitou uma transferência de 7% do poder de voto dos países ricos às nações emergentes. A proposta sobre a mesa, apresentada pelo G20, é uma transferência de 5%, embora não esteja claro se isto beneficiaria apenas os mercados emergentes.
A segunda vice-presidente do governo espanhol e ministra da Economia e Fazenda, Elena Salgado, reivindicou hoje no IMFC em nome da União Europeia que países avançados mal representados também tenham seu poder ampliado.
Isso favoreceria à Espanha, que recebeu 1,6% do poder de voto no FMI na última reforma, número insuficientemente em relação ao peso de sua economia no mundo.
Em reunião na quinta-feira, o G-24, que agrupa a países em desenvolvimento, também pressionou o FMI para que aceite uma transferência de 7% no nível de voto.
Mantega pediu que se elimine ou reduza substancialmente uma variável que mede a abertura econômica dos países, a qual beneficia particularmente às nações europeias pequenas.
No entanto, Salgado manifestou em seu discurso a recusa da Europa a mudar a equação.
O ministro também exigiu que os Estados Unidos e a Europa acabem com o pacto tácito pelo qual Washington se reserva a Presidência do Banco Mundial e Bruxelas a direção do FMI.
Nesse sentido, o a segunda vice-presidente espanhola disse que os chefes dessas instituições "deveriam ser nomeados em processo aberto, transparente e baseado em seus méritos, sem importar sua nacionalidade ou sexo".
No entanto, condicionou a aplicação desse princípio no FMI a que também se adote no caso do Banco Mundial.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, não se referiu ao tema em seu discurso perante o IMFC.
Em sua fala Mantega reivindicou que o FMI reforce a supervisão das economias dos países ricos, em lugar de se concentrar nas nações em desenvolvimento. "Ainda não há confiança que a vigilância do Fundo seja equilibrada, embora exista algum progresso nessa direção", afirmou.
O ministro rejeitou, além disso, as sugestões do Fundo para que os mercados emergentes reduzam sua acumulação de reservas e afirmou que é "falso" que esta medida contribua para os desequilíbrios econômicos mundiais.
"O Brasil não está pronto para renunciar a suas reservas internacionais a um nível que considere adequado em troca de qualquer tipo de rede de segurança multilateral", sustentou.
Mantega assegurou também que o Brasil é contra de obrigar os países-membros do FMI a que se submetam a uma análise periódica de seu sistema financeiro.
"Uma crise grave no setor financeiro das economias avançadas não é razão para criar novas obrigações para o resto dos membros", afirmou.
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