Milho: Estiagem pode provocar perdas de 40%
A supersafra de 9,5 milhões de toneladas prevista para o milho segunda safra pode não se confirmar caso a estiagem se prolongue por mais alguns dias em Mato Grosso. Em todo o Estado, segundo entidades produtores e sindicatos rurais, não chove há mais de 15 dias. Há regiões que sofrem com a estiagem há três semanas e a expectativa é de que a perda passe de 40% caso não chova pelo menos mais duas vezes até à colheita. A previsão foi feita ontem pelos produtores depois de um alerta da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja).
“Acho que a perda já é irreversível e hoje chega a 20%. Se a estiagem continuar, vamos ter uma quebra considerável nesta safra, provavelmente acima de 40% na cultura do milho”, afirmou o presidente do Sindicato Rural de Sinop (503 quilômetros, Antônio Galvan. Segundo ele, já tem região que está sem chuva há mais de 20 dias no Estado. “Essas regiões já estão fadadas a ter uma significativa redução do seu índice de produtividade. De qualquer forma, mesmo que chova a partir de agora, a quebra vai acontecer”. Ele diz que se chover até o final desta semana, “o milho atrasado pode se recuperar”.
QUEBRA - A Aprosoja/MT também está apreensiva com a escassez das chuvas no Estado. “Temos três semanas de sol e calor intenso. Há uma previsão de chuvas para os próximos três dias, mas, caso não seja confirmada, a situação vai se complicar ainda mais para o produtor”, alerta o diretor administrativo da entidade, Carlos Fávaro.
Segundo ele, das 9,5 milhões de toneladas previstas pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) – órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), apenas 3,5 milhões de toneladas estão garantidos. “Não gostaria de fazer previsões, mas o cenário é muito preocupante e, hoje, diria que cerca de 40% da safra mato-grossense de milho estão salvos”.
Fávaro diz que é preciso “no mínimo mais duas chuvas” para os produtores ficarem próximos da meta. Ele lembra que se não faltarem chuvas até o final da colheita, a produtividade pode chegar a 80 sacas por hectare, ao invés de 100 sacas como o registrado no ano passado.
“Hoje, todo o Estado sofre com a seca”, afirma, acrescentando que o milho plantado entre 20 de fevereiro e 10 de março corre risco de perda.
LAVOURAS - As regiões do médio norte e oeste, como Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sinop, Sorriso, Campo Novo, Sazepal e Campos de Júlio, que respondem por 60% da produção de milho no Estado, são as áreas mais afetadas pela estiagem.
De acordo com o Sindicato Rural de Sorriso, município a 460 quilômetros ao norte de Cuiabá, cerca de 60% do milho safrinha está na fase reprodutiva e depende de chuvas para garantir a sua sobrevivência até a colheita. Sorriso deverá produzir nesta safra 1,1 milhão de toneladas de milho, cultivados em uma área de 240 mil hectare, e expectativa de início da colheita a partir da segunda quinzena de junho.
ALGODÃO – O algodão é outra cultura que necessita de chuvas para o seu desenvolvimento, talvez até mais do que o milho. Segundo a Conab, Mato Grosso plantou nesta safra mais de 420 mil hectares com algodão, 8,5% a mais do que na safra passada.
Em Sorriso são 12 mil hectares plantados na safra 09/10, com estimativa de produtividade em torno de 230 arrobas/ha. Segundo os produtores, Sorriso não tem muita tradição no plantio de algodão, mesmo assim aqueles que plantaram querem um bom resultado e aguardam mais um período de chuvas para nivelar as plantações e garantir a produtividade dentro dos patamares esperados. Na região de Sorriso, a produção de algodão deve atingir 2,76 milhões de arrobas.
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