Mantega diz que G20 deveria estabelecer data para reforma financeira
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira que os países do G20 (grupo das principais potências ricas e emergentes) deveriam discutir uma data para implementar uma reforma financeira mundial.
"Nós devíamos levar a proposta ao G20 de bater o martelo e estabelecer uma data para fazer a reforma financeira em nível mundial", disse o ministro em Washington, após uma reunião com o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner.
Mantega está na capital americana para participar de uma reunião de ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais do G20.
A reforma do sistema financeiro nos Estados Unidos é considerada por analistas o próximo grande desafio da agenda do presidente Barack Obama.
Nesta quinta-feira, em um discurso em Nova York, o presidente americano pediu o apoio de Wall Street a sua proposta de reforma e disse que as mudanças vão impedir que os contribuintes americanos sejam obrigados a pagar por futuros pacotes de resgate a instituições financeiras.
"Essa reforma de fato é importante para evitar que novas crises aconteçam. Nós apoiamos essa reforma", disse Mantega. "Se a reforma tem peculiaridades em cada país, ela tem também alguns traços comuns que podem ser aprovados no G20."
O ministro citou entre as medidas um maior controle sobre operações com derivativos.
"Hoje essas operações são feitas, a maior parte aqui, sem registro, no balcão. No Brasil é tudo registrado, só que não adianta ter registrado no Brasil se a empresa ou o banco brasileiro faz a operação fora", disse.
Mantega também afirmou que os países deveriam discutir uma taxação em âmbito mundial para operações de maior risco.
"É o que querem fazer aqui nos Estados Unidos. Acho que nós temos que discutir em âmbito mundial, senão, não vale a pena fazer isso", afirmou o ministro, que nesta quinta-feira presidiu uma reunião do G24, grupo de países em desenvolvimento de porte médio.
Mudanças
A reunião do G20 começa nesta sexta-feira, mas a reforma do setor financeiro vem sendo discutida ao longo da semana em Washington, na reunião de primavera do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial.
Nesta quinta-feira, o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Khan, disse que a reforma proposta por Obama, por um lado, vem "muito cedo", já que se cada país decidir implementar a sua própria reforma, será mais difícil chegar a uma ação coordenada.
"Por outro lado, o que está sendo feito pelo governo dos Estados Unidos não está longe do que nós próprios estamos propondo, então não acho que crie um grande problema."
Segundo Strauss-Khan, a principal preocupação do FMI é que todos os países trabalhem em conjunto nessa questão.
O FMI preparou para os ministros do G20 uma proposta de que bancos e outras instituições financeiras paguem novos impostos destinados a financiar eventuais pacotes futuros de resgate.
"Acreditamos que o sistema de impostos pode ajudar a reduzir a probabilidade de crises futuras, ao lado da regulamentação, claro", disse Strauss-Khan.
"A taxação não vai resolver tudo sozinha, a regulamentação tem um papel a desempenhar."
Reformas no próprio FMI e no Banco Mundial também estão em debate nas reuniões.
Países como o Brasil, que se recuperaram da crise econômica mais rápido que economias avançadas, vêm pressionando por mais voz e mais poder dentro dessas instituições.
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