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Economia
Quarta - 21 de Abril de 2010 às 11:36

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Os economistas do FMI (Fundo Monetário Internacional) melhoraram suas expectativas quanto à recuperação da economia mundial, mas também notaram várias fragilidades embutidas nesse processo. Os governos ajudaram na retomada concedendo generosos subsídios, mas precisam voltar a "apertar o cinto", sob pena de enfrentarem problemas nas contas públicas que comprometem essa recuperação.

Essas análises fazem parte do relatório "World Economic Outlook" (Panorama Econômico Mundial), publicado nesta quarta-feira, onde o Fundo projeta um crescimento de 4,25% para a economia global neste ano, uma diferença para mais de 0,3 ponto percentual sobre a estimativa divulgada em janeiro. Para 2011, foi mantida a projeção de crescimento de 4,3%. 

O Fundo se mostrou mais otimista em relação ao Brasil. O crescimento do país foi estimado em 5,5% para este ano, quase 1 p.p. a mais na comparação com a estimativa divulgada em janeiro. Para 2011, os especialistas do FMI esperam um aumento de 4,1%.

O FMI ainda elevou suas projeções para o crescimento dos EUA neste ano (3,1%, número 0,4 p.p. acima da previsão anterior) e para o Japão (1,9%, número 0,2 p.p. acima da estimativa passada), bem como para os países asiáticos industrializados (que devem crescer 5,2% de modo geral).

Os economistas do FMI não alteraram suas projeções para o crescimento da China neste ano (10%), nem para as economias da zona do euro (1%).
 

  Arte/Folha  


Os analistas do Fundo veem não poucos riscos para o crescimento mundial. Para começar, o nível de atividade das economias ainda permanece das políticas públicas de estímulo ou "contracíclicas". O dilema é que o espaço para essas medidas governamentais "diminuiu sensivelmente enquanto fragilidades fiscais vieram à nota" (em tradução livre).

As condições financeiras também permanecem difíceis. Na visão do Fundo, os bancos ainda precisam se capitalizar e não devem recuperar os níveis anteriores de alavancagem (proporção entre os depósitos e os empréstimos) tão cedo, limitando o acesso a crédito de consumidores e das pequenas e médias empresas.

Além disso, o alto nível das dívidas públicas e dos deficits tem forçado os governos de países desenvolvidos a oferecerem juros mais altos para captar recursos no mercado internacional, num processo que se espalha para outras economias e mercados.

O desafio para os gestores de políticas públicas, segundo o organismo internacional, é garantir uma "transição suave" do quadro atual, em que a demanda é puxada pelo setor público, para um cenário em que o setor privado retome sua importância.

Os economistas do Fundo reconhecem, porém, que "nas economias mais avançadas, políticas monetárias [nível de juros] e fiscais [impostos] devem manter os incentivos neste ano para sustentar o crescimento futuro e o nível de emprego".

"Mas muitas dessas economias também precisam urgentemente adotar estratégias críveis para conter o deficit público e trazê-los mais tarde para níveis mais prudentes", acrescentam.

Emergentes

O Fundo também vê desafios para as economias emergentes, que foram relativamente "poupadas" da crise mundial.

"Muitas economias emergentes retomaram um alto nível de crescimento e alguns já começaram a moderar suas políticas macroeconômicas acomodatícias [de estímulos à atividade] em face do alto nível de fluxos [de investimentos]. Dado os prognósticos de um relativamente fraco crescimento nas economias mais avançadas, o desafio para essas economias emergentes é absorver esses fluxos e estimular o crescimento da demanda doméstica, sem disparar um novo ciclo de expansão e recessão", avaliam.

A referência histórica mais próxima desses "ciclos" são os anos 90, quando países emergentes, como Coreia do Sul ou México, na esteira de reformas econômicas liberalizantes, atraíram um grande fluxo de capitais externos.

Esses capitais estimularam a formação de "bolhas" de preços e outras distorções, como no caso do setor imobiliário em alguns países asiáticos, que "explodiram", gerando recessões amargas, após relativamente breves períodos de prosperidade.






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