Em liberdade, irmãos Padilha dizem que prisões tiveram "cunho político"
Os irmãos Valdebran e Waldemir Padilha permanecem na Capital à disposição da Polícia Federal, mas estão aliviados após terem sido soltos na noite deste domingo (18). Segundo o advogado dos empreiteiros, Roger Fernandes, após sair da Polinter Valdebran agradeceu o apoio de familiares e voltou a classificar a sua prisão e as investigações da Polícia Federal como atos de cunho político. “Ele também quer que tudo isso seja apurado o mais rápido possível e tem consciência que tudo isso envolve questões políticas”, revelou o advogado de Valdebran. O empreiteiro ficou conhecido em todo o país em 2006 quando tentou vender um dossiê contra o PSDB. Na época ele era filiado ao PT e chegou a ser chamado de "aloprado" pelo presidente Lula.
Valdebran e seu irmão são proprietários da Engessan - Engenharia e Saneamento e foram presos durante a realização da Operação Hygeia, em 7 de abril. Ficaram presos por 11 dias na Polinter e, apesar de ter tido a prisão preventiva decretada pelo juiz federal da 1ª Vara da Capital Julier Sebastião da Silva, conseguiram decisões favoráveis junto ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região.
A ordem de soltura foi expedida pelo desembargador federal Olinto Menezes, que no último sábado também liberou Carlos Miranda (tesoureiro), José Luiz Bezerra (sobrinho do deputado federal Carlos Bezerra) e Francisco Salvador de Mattos. “Agora vamos aguardar a conclusão do inquérito policial para, somente depois, discutirmos quais serão as medidas cabíveis”, ponderou Roger. Ainda não há previsão de quando a investigação será encerrada, mas, por enquanto, já foram indiciadas 46 pessoas. Todos são acusados de envolvimento em um suposto esquema criminoso que teria desviado mais de R$ 51 milhões de recursos federais destinados à Funasa. Eles vão responder por formação de quadrilha, estelionato, fraude em licitações, apropriação indébita, lavagem de dinheiro, peculato, corrupção ativa, corrupção passiva e prevaricação. Se condenados podem pegar até 63 anos de prisão. Entre os investigados que já foram indiciados estão os próprios irmãos Padilha, além de Carlos Miranda e o secretário-geral do PMDB Rafael Bastos.
Segundo as investigações da PF, que foram acompanhadas pela Controladoria Geral da União, o esquema criminoso agia por meio de três núcleos, que permitiam o direcionamento das empresas que venceriam o certame, o superfaturamento dos serviços e obras e serviços prestados e até ao pagamento de funcionários “fantasmas”. Num primeiro “pente fino” a CGU constatou um desvio de R$ 51 milhões, mas o rombo pode chegar a R$ 200 milhões.
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