Prefeitura do Rio pretende desocupar abrigos em 15 dias

A Prefeitura do Rio vai desativar esta semana os abrigos que há 15 dias acolhem famílias que perderam seus lares para as fortes chuvas e para a avalanche de terra nas encostas da cidade. Ontem, ao entregar as cinco primeiras chaves de casas novas para desabrigados do Morro do Urubu, em Pilares, o prefeito Eduardo Paes garantiu que a situação das vítimas será resolvida o quanto antes ¿ ou com o pagamento de indenização, ou com a entrega de imóveis novos, ou com a mudança para moradias provisórias. Elas começam a se mudar hoje.

A situação dos sobreviventes da tragédia do Morro do Bumba, em Niterói, também começa a mudar esta semana. O governador Sérgio Cabral afirmou que entregará nos próximos dias casas às famílias. Já o Município do Rio estima haver, hoje, cerca de 1.800 pessoas em 20 abrigos. Até o meio da semana passada, eram 2.600 sem-teto em 43 unidades. O número caiu, segundo a prefeitura, porque muitas famílias já foram cadastradas para receber os R$ 400 do aluguel social. Outras vão se mudar com apoio da prefeitura.

Ao lado de Cabral, do ministro das Cidades, Márcio Fortes, e da presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho, Paes apresentou os apartamentos recém-concluídos do Condomínio Vivendas do Ypê Amarelo, em Realengo, a cinco das 50 primeiras famílias reassentadas. ¿A vida das pessoas não volta, mas podemos homenageá-las com essas moradias¿, falou o prefeito. Paes também fez agradecimento ao Corpo de Bombeiros pelos esforços redobrados nos últimos dias. ¿Vamos continuar trabalhando para que outras famílias possam dormir em paz¿.

O novo empreendimento faz parte do programa ¿Minha Casa, Minha Vida¿, do governo federal. O condomínio tem 299 apartamentos de dois quartos, sala, cozinha e banheiro, e possui áreas de lazer, parque infantil e salão social. ¿O prefeito agiu muito rápido. Nos últimos 14 anos não houve política pública habitacional. Estamos recuperando o tempo perdido¿, afirmou o governador.

Adriano Gomes de Almeida, 28 anos, e a mulher, Elaine Carneiro de Oliveira, 29, que está grávida de quatro meses, ficaram aliviados com a notícia de que já poderão se mudar para o condomínio. ¿A gente não tem palavras. Perdemos tudo que tínhamos por causa da chuva. A casa rachou ao meio. A gente espera que venha uma boa fase por aí¿, afirmou Adriano, responsável por alertar a Defesa Civil sobre os deslizamentos no Urubu.

Emocionada, Cláudia Morethson, 32 anos, mal pode esperar para se mudar. ¿Até quarta-feira, no máximo!¿, planeja ela, que está solteira e cuida sozinha de seis filhos. Ela morava num barraco de dois cômodos no Urubu e conseguiu salvar apenas documentos, sua geladeira e o fogão após ter a casa condenada. ¿É um recomeço para a minha vida. Graças a Deus saímos todos salvos¿, desabafou. Também ganharam casas Alessandra da Silva Lopes, Maria da Luz Silva, Valdir José da Silva e Marise de Oliveira Albuquerque.

Moradores protestam contra lixão
Com faixas e cartazes, moradores do bairro Itaúna, em São Gonçalo, protestaram na manhã de ontem contra o despejo dos escombros e lama retirados no Morro do Bumba. Segundo eles, o material é lixo em decomposição há mais de 20 anos e está exalando forte e desagradável odor.

Segundo os moradores, são despejados mais de 100 caminhões todos os dias. ¿Estão contaminando a gente. E as crianças sofrem com doenças respiratórias provocadas pela poeira¿, frisou Jane Costa, 33.

Ontem não foram localizados corpos no Morro do Bumba, em Niterói. Equipes do Departamento de Recursos Minerais da Secretaria Estadual de Meio Ambiente começaram a fazer sondagem do solo para liberar o trabalho em toda a extensão do desmoronamento. ¿Só existe uma família procurando por desaparecido. É uma mulher que ainda não encontramos. Mas acreditamos que ainda há outros corpos e não vamos parar¿, disse o subcomandante do Corpo de Bombeiros José Paulo Miranda.