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Internacional
Domingo - 18 de Abril de 2010 às 21:42
Por: Associated Press

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Dezenas de milhares de poloneses deram adeus ao presidente Lech Kaczynski neste domingo em um funeral de estado cercado de pompa, orgulho e uma onda de patriotismo que sua liderança divisora e impopular nunca tinha gerado.

A multidão presente no funeral aplaudiu, agitou bandeiras da Polônia e entoou "Lech Kaczynski, nós lhe agradecemos" quando os caixões contendo os corpos de Kaczynski e sua mulher, Maria, foram carregados em uma procissão liderada pelo arcebispo de Cracóvia, até o histórica castelo de Wawel.

Antes de sua morte, a última pesquisa de opinião mostrou Kaczynski com 25% de aprovação, mostrando que teria grandes dificuldades para ser reeleito este ano.

"Os poloneses finalmente valorizam ele", disse Ryszard Stolarski, 56, que acompanhou a celebração. "Nunca imaginei que a Polônia fosse homenagear Kaczynski desse modo."

Muitos líderes mundiais, incluindo o presidente americano, Barack Obama, não conseguiram participar do funeral devido ao caos aéreo que impera na Europa há quatro dias.

O funeral aconteceu oito dias após o avião presidencial ter caído quando se aproximava de Smolensk, na Rússia. A pior tragédia a atingir a Polônia desde a Segunda Guerra (1939-1945) matou o presidente, a primeira-dama e outras 94 pessoas, incluindo altos líderes civis e militares.

Relações com a Rússia

De certa forma, a tragédia e a resposta da Rússia a ela parecem terem dado início ao processo de curar as feridas que dificultaram a relação dos dois países por décadas.

Cético com relação à Rússia e fervoroso dissidente anticomunista, Kaczynski focou mais em construir relações com os EUA, defendendo a construção de uma base de defesa americana em território polonês.

O voo fatal de Kaczynski levava-o a um memorial para 22 mil poloneses mortos pela polícia secreta de Stalin em 1940, nos chamados massacres de Katyn. O presidente polonês queria homenagear as vítimas e pressionar Moscou para reconhecer os crimes soviéticos.

Após o acidente aéreo, o corpo de Kaczynski foi resgatado pelos russos. E durante a missa no funeral deste domingo, um padre ortodoxo russo também rezou sobre os caixões.

O presidente russo, Dmitri Medvedev, esteve presente no funeral mesmo com o caos aéreo. Foi a primeira visita de Medvedev à Polônia e, antes de voltar para casa, ele declarou que os dois países estão dando "um passo em direção ao futuro".

"Tragédias podem gerar emoções difíceis, mas muitas vezes aproximam as pessoas e eu acho que é isso que os moradores do meu país e os poloneses querem."

"A simpatia e ajuda que estamos recebendo dos irmãos russos trouxe vida nova para uma esperança de relações mais próximas e reconciliação entre nossas duas nações eslavas", disse o arcebispo de Cracóvia, Stanislaw Dziwisz. "Dirijo essas palavras ao presidente da Rússia."

Enterro

O presidente e a primeira-dama foram enterrados juntos em um sarcófago feito de alabastro turco, em uma cripta abaixo da torre dos sinos da catedral. Em seguida, houve uma salva de 21 tiros.

A decisão de enterrar o casal no castelo de Wawel, lugar onde repousam monarcas e grandes personalidades históricas da Polônia, gerou protestos entre parte da população. Entre outros, ali descansa o marechal Jozef Pilsudzkiego, artífice da independência da Polônia em 1918 após séculos de dominação russa, alemã e austríaca.






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