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Polícia Brasil
Domingo - 18 de Abril de 2010 às 18:17
Por: Márcio Leijoto

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Márcio Leijoto/Especial para Terra
Perita mostra cordão que teria sido usado por Ademar
Perita mostra cordão que teria sido usado por Ademar

O pedreiro Ademar de Jesus Silva, 40 anos, acusado de matar seis adolescentes entre os dias 30 de dezembro e 22 de janeiro em Luziânia, Goiás, deu uma última versão sobre o crime antes de ser encontrado morto em uma cela da Delegacia de Combate a Narcóticos (Denarc) neste domingo.

Para os 11 presos que estavam na cela ao lado (Ademar estava sozinho na sua), ele manteve a versão de que matou cinco vítimas em troca de R$ 5 mil a pedido do outro jovem, que também foi assassinado porque teria se recusado a pagar o valor prometido.

"Ele disse que o último foi o que deu mais trabalho, porque era alto e forte, e que matou ele porque ele não queria pagar os R$ 5 mil, que disse que não ia pagar nada, que ia é matar ele (o pedreiro) se ele abrisse a boca pra alguém. Aí ele ficou com raiva e matou", disse, em entrevista coletiva, o detento Cláudio Tomaz Costa, 26 anos, que afirma ter conversado com Ademar minutos antes de sua morte.

De acordo com Cláudio, o pedreiro começou a rasgar o tecido que reveste o colchão na tarde de sábado, por volta das 17h. "A gente perguntou o que ele estava fazendo, se ele ia se matar com aquilo, mas ele disse que não, que estava querendo diminuir o lençol que estava grande demais. Aí a gente deixou quieto", disse.

Ademar teria acordado normalmente neste domingo, por volta das 8h, almoçado às 11h30 e, logo em seguida, começado a falar sobre os crimes com os outros presos.

O pedreiro também teria pedido para os presos lerem o jornal em voz alta. Queria saber o que tinha sido publicado sobre o caso de Luziânia. "A gente perguntou se ele tinha matado a esposa dele, porque tava nos jornais que ele tava sendo investigado por isso, e ele disse que não, que a mulher era macumbeira e que tinha jogado uns exus nele, por isso que ele ouvia vozes", disse Cláudio.

Por fim, o suspeito teria perguntado aos outros detentos se eles imaginavam quantos anos iria pegar de cadeia pelos crimes cometidos. "A gente disse que não sabia, mas que ia ser muito tempo, né? Foram seis mortes. Mas que no Brasil só se ficava na cadeia no máximo 30 anos. Ele não disse nada", afirmou o detento.

A última coisa que o pedreiro teria falado foi que iria tomar banho, por volta do meio-dia. Cada cela tem um cano alto por onde sai água para o banho. Ele teria ligado a torneira, que fica do lado de fora da cela; basta esticar a mão por fora das grades. "A gente não ouviu quando ele se matou porque tinha o barulho da água. Foi uns 10 minutos. A gente aí pediu para ele desligar o chuveiro, por causa do barulho e ele não respondia. Foi aí que a gente chamou os agentes e viram ele morto", disse Cláudio.

O corpo foi encontrado pelos agentes às 12h40. Na delegacia, além de Ademar e dos 11 presos, havia mais dois agentes. Segundo a polícia, ninguém teve acesso a cela de Ademar naquele dia, apenas o funcionário responsável pelas marmitas dos presos.

"Ele até pode ter visto o colchão detonado, mas o colchão já estava detonado antes. E o Ademar pode ter escondido a trança embaixo, não tinha como desconfiar de nada, porque o Ademar estava muito tranquilo a semana toda", disse a delegada Renata Cheim, titular da Denarc.





Fonte: Terra

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