Paralisação de um dia, quando 100 depoimentos deixaram de acontecer em Cuiabá, aconteceu para cobrar reestruturação da carreira. Movimento será mensal
Servidores da PF suspendem atividades
Agentes, escrivães, peritos e delegados da Polícia Federal em Mato Grosso paralisaram as atividades por 24 horas em protesto contra a falta de resposta do governo federal às reivindicações de reestruturação da carreira e melhorias salariais.
Somente em Cuiabá, onde está sediada a Superintendência da PF, o protesto levou à suspensão de mais de 100 depoimentos de acusados e testemunhas agendados para ontem. O mesmo aconteceu nas delegacias de Cáceres e Rondonópolis.
A partir desta mobilização, protestos similares ocorrerão simultaneamente uma vez por mês em todo o país, até que o governo chame os representares dos agentes e demais servidores da PF para negociação. Esse é um dos itens do calendário de luta aprovada em assembleias realizadas pelos sindicatos e associações que compõem a força policial federal no Brasil.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Federais (Sinpef-MT), Erlon José Brandão de Souza, os salários dos policiais estão bem defasados se comparados à outras carreiras típicas de estado, como fiscais de renda, advogado da União e agentes da Abin (Agência Brasileira de Informações).
Enquanto um agente da PF ingressa na carreira ganhando R$ 7 mil, salário com o qual permanece pelos três primeiros anos de atividade, no mínimo, um agente da Abin ou fiscal de receita recebe R$ 12 mil. Com 30 anos trabalhando como agente, Erlon ganha menos que o inicial dessas outras categorias.
“Exercemos atividade de alto risco, prestamos serviços importantes e reconhecidos pela sociedade e damos retornos aos cofres públicos”, frisou o presidente do Sinpef-MT.
O diretor regional da Associação dos Delegados, Renato Sayão Dias, disse que além das questões salariais, a PF está vivenciando uma situação inusitada nos últimos anos. Poucos delegados, disse, querem ocupar cargos de chefia por causa dos valores ínfimos das gratificações.
Quem atua na chefia de uma delegacia como a de Cáceres, onde é responsável por dezenas de funcionários e pela administração e ordenação das despesas, recebe menos R$ 300 a mais no salário. Não haveria compensação pecuniária nem mesmo para o cargo de superintendente. Nesse, a gratificação seria de R$ 1,8 mil.
REESTRTURAÇÃO – Os policias argumentam que não estão buscando reajuste salarial, mas reestruturação da carreira. Eles querem a criação de um escalonamento de melhoria salarial anual para corrigir disparidades entre aqueles que acabam de ingressar na carreira e quem já está no exercício há alguns anos. No caso do perito, por exemplo, quem está na função há três anos ganha o mesmo salário daquele que acabou de ingressar.
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