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Nacional
Quarta - 14 de Abril de 2010 às 08:20
Por: Vannildo Mendes

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A Vara de Execuções Penais de Brasília, que concedeu a Adimar Jesus da Silva o direito à prisão domiciliar, recebeu um alerta do Ministério Público, pedindo rígida fiscalização sobre o ex-detento para resguardar a dignidade e a integridade sexual de crianças. Expedido pela promotora Maria José Miranda Pereira em 14 de janeiro, quando quatro vítimas já tinham sido executadas, o alerta poderia ter salvo a vida dos dois últimos rapazes.

"Foi uma conjugação absurda de erros", lamentou a promotora. No seu despacho, escrito à mão, ela se mostra espantada com o fato de Adimar ter sido solto. Alerta que "não existe ex-estuprador" e que, diante da "extrema gravidade dos ignóbeis crimes" praticados pelo sentenciado - condenado a 14 anos de prisão por violência sexual contra duas crianças em Brasília, em 2005 -, requereu a expedição imediata de mandados "para fiscalização sistemática e reiterada" do pedreiro, que foi morar com a irmã em Luziânia e, àquela altura, cometia crimes em série. Por conta do alerta da promotora, a Justiça mandou um oficial de Justiça verificar se Adimar cumpria as normas da prisão domiciliar, que incluía dormir sempre em casa.

No início da tarde de 22 de janeiro, quando as mães, parentes e vizinhos dos cinco primeiros meninos desaparecidos faziam manifestação para pedir providência às autoridades, Adimar assassinava a última vítima, Márcio Luiz de Souza Lopes, a pauladas e golpes de enxadão.

Na noite desse mesmo dia, por força do alerta da promotora, o oficial de Justiça Elias Gonçalves dos Santos foi à residência do pedreiro, às 23h21, no bairro Estrela D"Alva, o mesmo onde morava a maioria das vítimas. O oficial constatou que Adimar dormia e, no dia seguinte, entregou ao juiz a Certidão de Constatação Positiva, com a confirmação de que ele estava em casa.

Prisão domiciliar. Por meio de nota, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal informou que a progressão foi dada com base na lei em vigor, cumpridos dois sextos da pena a que o réu fora condenado, e amparada em parecer do próprio Ministério Público, assinado por duas promotoras.

Para Maria José, todavia, houve uma conjugação absurda de erros da Justiça e também do MP, que emitiu pareceres contraditórios. O último, que amparou a soltura do maníaco, desconsiderou seis relatórios anteriores que o consideravam "psicopata frio e perigoso", cuja convivência social não era recomendável.

"O Estado falhou, há uma insensibilidade geral porque filhos de desembargadores, ministros e autoridades são protegidos e quase nunca são estuprados", lamentou a promotora.

Comportamento. Adimar começou a matar os seis meninos de Luziânia uma semana após receber o benefício da prisão domiciliar. Os assassinatos ocorreram entre 30 de dezembro e 22 de janeiro.

No parecer que permitiu sua libertação, as duas promotoras observam que ele, na prisão, teve bom comportamento. "O psicopata é mais perigoso do que o estuprador comum, porque tem doença de caráter: ele é frio, calculista e enganador", disse a promotora. "Eles são tremendamente pervertidos e sua tara não tem cura, ao contrário, com o tempo, tende a se enraizar e a se tornar mais letal", advertiu.

Investigação. A CPI da Pedofilia decidiu convocar para depor na próxima semana o juiz da Vara de Execuções Penais, a promotora Maria José, as três psicólogas e duas promotoras que assinaram o último parecer.






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