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Quinta - 08 de Abril de 2010 às 15:41
Por: Simone Alves

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A deflagração da Operação Hygeia pela Polícia Federal nesta quarta (7) apenas confirmou o que as lideranças indígenas em Mato Grosso já denunciavam há tempos: o desvio de recursos destinados a programas de saúde nas aldeias por servidores da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Desde o ano passado, em visita ao RDNews, o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, cacique Edmundo Omore, já denunciava a influência do deputado federal Carlos Bezerra (PMDB) na entidade. Após as detenções de servidores da entidade e de três peemedebistas, Omore demonstrou otimismo com a ação dos policiais federais, mas, como não poderia deixar de ser, lamentou que o “rombo” na Funasa, estimado em R$ 200 milhões”, possa ter contribuído para a morte de milhares de índios em todo o país.

O cacique disse que já estava na hora da Funasa esclarecer para onde vão os recursos destinados à saúde indígena. Omore representa nove terras indígenas que congregam cerca de 15 mil índios no Vale do Araguaia. “Espero que a polícia chegue ao ponto final das investigações, apontando quem são aqueles que dormem em cima dos recursos voltados para manutenção da comunidade indígena”, cobrou.

Segundo ele, a gestão da Funasa tem perfil político e não técnico, o que facilita atos ilícitos. Ele chega a citar o exemplo de um apadrinhamento político. “As influências políticas são visíveis. O próprio coordenador da Funasa em Mato Grosso, Marco Antonio Stangherlin, é afilhado político do Carlos Bezerra”, denunciou. A expectativa do indígena é que o gestor colabore com as investigações para sanar outras irregularidades. “Espero que o Marco Antonio aproveite para ajudar a polícia a esclarecer o ocorrido”.

Omore está em Brasília para avaliar diretamente o impacto da operação da PF nas políticas públicas. Se confirmado o rombo, poderá ser implementada um secretaria específica para atendimento à saúde indígena. Segundo ele, existe uma medida provisória que prevê a transferência do atendimento ao índio para o Ministério da Saúde, por meio de criação de uma pasta. A MP já foi publicada em Diário Oficial da União, mas há necessidade que um decreto presidencial institua o departamento. "A Funasa é página virada. Não conseguem atender a demanda e um dos motivos é o desvio de dinheiro", reclama Omore.





Fonte: RD News

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