Desde 2005, a classe C ganhou mais de 30 mi de pessoas; emprego e renda ajudam escalada
Classe média sobe de vida e chega a 49% da população
Em plena crise financeira, foram principalmente os brasileiros mais pobres e a classe média que ajudaram a mover o mercado. Desde 2005, a classe C ganhou mais de 30 milhões de pessoas - equivalente a toda população do Canadá. Nesse período, os brasileiros que estavam nas classes D/E subiram na escada social porque consumiram mais e elevaram a renda.
A pesquisa Observador Brasil 2009, pedida pela Cetelem – financeira do banco francês BNP Paribas – e feita em parceria com a Ipsos, mostra que a renda média mensal do brasileiro bateu recorde de R$ 1.285. O valor é bastante próximo do que ganha a classe média (R$ 1.276), segundo o estudo.
A classe C representa 49% da população. São mais de 92,8 milhões de pessoas que buscam bem-estar e gastam com comida, roupas e com a casa (luz, aluguel, água e condomínio).
As classes sociais utilizadas no estudo são as definidas pelo CCEB (Critério de Classificação Econômica Brasil), que leva em conta itens como posse de eletrodomésticos, carros e pela quantidade de banheiros na casa, por exemplo.
O diretor-geral da Cetelem no Brasil, Marcos Etchegoyen, explica que o aumento da renda está ligado à maior geração de emprego, que amplia o acesso ao crédito e ajuda na melhora do padrão de vida.
- A renda cresceu nas classes C e D/E. Não é a renda que determina qual a classe social a que você pertence, mas sua posse de eletrodomésticos, sua casa, seu carro. O Brasil se saiu bem diante da crise, e isso levou ao aumento do emprego, que por sua vez eleva a confiança do consumidor. E quando há confiança, o consumidor toma crédito, e compra mais.
Dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudo) mostraram em janeiro que o Brasil conseguiu manter a massa salarial e o nível do emprego ao longo da crise. A estimativa para esse ano é que o país crie 2 milhões de vagas.
Especialistas reconhecem que as políticas fiscais do governo durante a crise ajudaram a reaquecer o mercado, com o fim do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos, eletrodomésticos da linha branca (geladeira, máquina de lavar e fogão) e móveis.
A gerente de pesquisa da Ipsos Elisa Bernd diz que se deve reconhecer que “as desonerações são uma das responsáveis pelo crescimento da classe média no ano passado”.
A pesquisa mostra que, para este ano, a expectativa de consumo continua em pleno crescimento. Móveis, eletrodomésticos e gastos com lazer e viagens são os principais sonhos de consumo da classe C – mesmo que os impostos voltem a suas taxas normais.
- A classe média apresentou comportamento similar ao da A/B no que se refere à compra da maioria dos itens, afirmou Etchegoyen, da Cetelem.
Mais de 1.500 pessoas foram entrevistadas entre os dias 18 e 29 de dezembro para realizar a pesquisa. Divulgado nesta terça-feira (6), o estudo foi realizado em 70 cidades de nove regiões metropolitanas do país.
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