Brasil adia início da retaliação comercial contra os EUA

O governo brasileiro decidiu nesta segunda-feira adiar para 22 de abril o início das retaliações comerciais a produtos americanos, inicialmente previstas para a próxima quarta-feira.

A medida foi tomada diante das propostas fechadas para as áreas de comércio exterior dos dois países, que incluem um fundo de compensações aos subsidios e aproximação dos financiamentos aos exportadores americanos a níveis de mercado.

O diretor de Economia do Ministério das Relações Exteriores, Carlos Márcio Cozendey, afirmou nesta segunda-feira que o prazo para aplicação das sanções foi prorrogado para dar espaço às negociações. As retaliações podem entrar em vigor se as medidas alternativas não forem adotadas dentro do prazo.

As negociações iniciais foram firmadas em torno de três propostas. Os americanos se comprometeram a reconhecer até o dia 16 de abril a região sul do país como área livre de aftosa sem vacinação.

O governo americano propôs a aproximação das taxas de financiamentos aos exportadores a patamares próximos de mercado. Os créditos eram um dos principais instrumentos para a utilização de subsídios. Taxas abaixo de mercado oferecidas para as exportações do campo americanas incluíam subsídios considerados proibidos pela OMC.

O Programa de Garantia a Créditos americano previa em lei um montante total de US$ 5,5 bilhões aos exportadores. Segundo Cozendey, só neste ano já foram concedidos US$ 2,7 bilhões. A elevação das taxas de crédito para níveis próximos de mercado passarão a valer para os novos contratos, se aprovadas.

A proposta para compensação aos subsídios inclui a criação de um fundo voltado aos produtores de algodão brasileiros. A cifra seria equivalente ao prejuízo anual dos subsídios ao Brasil, estimado em US$ 147 milhões. O valor seria usado no controle de pragas e melhoria da qualidade do produto.

Se as três medidas iniciais forem cumpridas dentro do prazo (22), o governo brasileiro vai estender para outros 60 dias o início das retaliações aos produtos americanos. Segundo Conzendey, a ideia é conseguir fechar uma negociação final sobre a questão dentro do segundo o prazo.

O governo brasileiro decidiu retaliar comercialmente 102 produtos importados dos Estados Unidos. Integravam a lista aprovada mercadorias como xampu, itens da linha branca e carros. Os produtos seriam sobretaxados em até 100%. No ano passado, a OMC (Organização Mundial do Comércio) autorizou o Brasil a aplicar sanções aos EUA por conta do contencioso do algodão.