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Economia
Sábado - 03 de Abril de 2010 às 09:32
Por: Adriana Fernandes/Fabio Graner

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Depois de desistir de se candidatar e de passar as últimas semanas envolvido em negociações políticas, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, volta a vestir somente o uniforme de autoridade monetária.
 

 

No mesmo dia em que anunciou a decisão de permanecer no cargo, com a justificativa de garantir a permanência da "racionalidade econômica" no País em ano eleitoral, Meirelles marcou posição e fez a mais dura declaração sobre a condução da política de juros dos últimos meses, confirmando o cenário de aumento da taxa Selic, juro básico da economia, em abril a fim de garantir a inflação na meta.

Com o discurso mais forte, Meirelles quer rapidamente superar o mal-estar que sua inserção na política causou no mercado, afetando um pouco a credibilidade conquistada em sete anos no cargo.

O Banco Central, disse ele, não pode aceitar que a inflação "no horizonte relevante à frente" fique acima do centro da meta, hoje fixada em 4,5%. "Isso não", afirmou. O "horizonte relevante" mencionado por Meirelles vai dos próximos 12 meses até o fim de 2011. Depois que a inflação se aqueceu, dando sinais de pressão mais duradoura dos preços, o mercado passou a criticar o BC por estar atrasado em aumentar os juros.

Em meio a essas críticas, aumentaram as avaliações de que a mistura de política com o BC não faria bem para a condução da economia.

Desde outubro, quando se filiou ao PMDB, Meirelles vinha tentando se equilibrar entre as personagens de autoridade monetária autônoma e postulante discreto a um cargo eletivo no pleito de 2010.

Durante todo período anterior à sua filiação partidária, o presidente do BC foi pouco questionado pelos analistas econômicos sobre sua independência para tomar as decisões de política monetária no País.

Mas, após a assinatura da ficha de adesão ao PMDB, a imagem de que decidia com base em análises puramente técnicas começou a ser questionada por diversos economistas.

Não se tratou de uma problemática crise de credibilidade do BC, mas sim de uma situação de desconforto dos agentes econômicos. Estes passaram a analisar não só os aspectos técnicos que levam a uma decisão do BC, como ritmo da atividade econômica, mas também as implicações políticas da alta nos juros.

E a última reunião do Copom, que decidiu manter a taxa Selic, evidenciou essa preocupação. Depois dessa decisão, o BC divulgou a ata, manifestando que houve consenso de que os juros teriam que subir. Mas a maioria do colegiado, alegando "prudência", resolveu manter a taxa.

De pronto o mercado saiu da leitura técnica para a política: Meirelles estava preparando o terreno para deixar o Banco Central com o discurso de que entregou o cargo com o menor juro da história do real e com a economia crescendo forte e com inflação ainda sob controle.

"Não é que tenha havido retrocessos institucionais no BC, mas o ponto é que se inseriu um ruído no mercado que não existia. Não é nada grave, mas é um ruído. Os analistas eram mais perguntados pelos seus clientes sobre isso. Muitos avaliavam que Banco Central teria de subir os juros em março, mas que não faria por algum motivo (político)", explicou a economista-chefe do banco ING, Zeina Latif.






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