Os empresários brasileiros são os mais otimistas quanto ao comportamento da economia global no próximo ano, indica uma pesquisa feita em 17 das principais economias do mundo pela consultoria internacional KPMG.
O levantamento, divulgado nesta segunda-feira, mostra um aumento generalizado do otimismo em relação à recuperação econômica global, principalmente nos Estados Unidos e nos países do grupo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
Esta é a segunda vez seguida que a pesquisa, realizada de quatro em quatro meses, apresenta um crescimento do otimismo em vários itens como atividade econômica, receitas e lucros.
Segundo a KPMG, os empresários brasileiros são os mais otimistas nos dois setores avaliados pelo levantamento – indústrias e serviços.
Perspectivas
A pesquisa ouviu cerca de 11 mil empresários de Estados Unidos, Japão, Alemanha, Grã-Bretanha, França, Itália, Espanha, Irlanda, Áustria, Holanda, Grécia, República Tcheca, Polônia, Brasil, Rússia, Índia e China sobre suas perspectivas para os 12 meses seguintes.
Para cada item pesquisado, é atribuída uma nota entre -100 e +100, obtida com a subtração da porcentagem de empresários que esperam uma deterioração nas condições para o próximo período da porcentagem daqueles que esperam uma melhoria.
No geral, a pesquisa mostrou um aumento no otimismo entre os 17 países pesquisados sobre a atividade econômica no setor industrial, com uma variação do índice de +42,9 para +50,9 entre o levantamento anterior, de outubro de 2009, e a pesquisa divulgada nesta segunda-feira.
No setor de serviços, com apenas 12 países pesquisados (Áustria, Holanda, Grécia, República Tcheca e Polônia ficaram de fora), o índice de otimismo registrou uma leve variação negativa no mesmo período – de +46,5 para +44,0.
Índices maiores
O índice de otimismo no Brasil ficou em +84,2 para o setor industrial e +78,3 para o setor de serviços. Quando considerados em conjunto os países do grupo BRIC, os índices de otimismo foram de +63,4 e +58,3 nos dois setores, respectivamente.
Os Estados Unidos, que tiveram índices de +65,7 e +60,3, apresentaram a segunda maior taxa de otimismo entre o empresariado, superior até mesmo à média dos países BRIC.
Na China, cuja economia continuou registrando altos índices de crescimento mesmo durante a crise econômica global, os índices de otimismo foram de +63,5 e +59,9.
A Grécia, país que enfrenta graves problemas econômicos e a ameaça de um calote de sua dívida, foi o único entre os 17 países pesquisados em que o pessimismo superou o otimismo, com um índice de -25,2 no setor industrial (o país não entrou na pesquisa para o setor de serviços).
Após a Grécia, a República Tcheca (+8,9 no setor industrial) e o Japão (+25,9 no setor industrial e +3,9 no setor de serviços) foram os países com o empresariado menos otimista em relação ao comportamento da economia no próximo ano.
Recuperação
Para Alan Buckle, diretor global de consultoria na KPMG, os resultados da pesquisa são mais uma indicação de que a crise global parece ter sido superada, mas mostram os países em três diferentes níveis em relação à recuperação.
“No primeiro nível estão os países BRIC – cheios de confiança e preocupados apenas com inflação ou questões externas sobre as quais eles não têm controle”, diz.
No segundo nível, segundo ele, estão os Estados Unidos e as economias europeias mais fortes, que mostram um otimismo cauteloso, com dúvidas ainda sobre a sustentabilidade da recuperação depois que os pacotes de estímulo forem retirados.
“No terceiro nível estão países como a Grécia, nos quais a confiança empresarial inexiste por razões óbvias. Países nesse nível têm resultados nas pesquisas bem atrás dos demais, servindo como uma lição salutar para os outros de que nada pode ser considerado como garantido neste estágio mais delicado da recuperação”, complementa Buckle.
Brasil
Os dados da pesquisa para o Brasil indicam ainda um otimismo em relação a lucros (+80,1 no setor industrial e +75,6 no setor de serviços), novos pedidos (+85,3 na indústria e +78,4 em serviços) e nível de empregos (+76,8 e +69,1).
O levantamento detalhado indica ainda uma preocupação um pouco maior do empresariado brasileiro com inflação, com índices abaixo da média para itens como preços de insumos, preços de venda e custos com serviços.
Para Oscar Caipo, chefe de consultoria da KPMG para a América Latina, “o Brasil parece estar cumprindo verdadeiramente a promessa de crescimento dos BRIC”, com os maiores níveis de otimismo entre todos os países pesquisados.
“Esse otimismo pode ser atribuído à forte demanda, tanto interna quanto externa, pelos produtos e serviços brasileiros”, afirma Caipo.
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