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Economia
Segunda - 29 de Março de 2010 às 06:13
Por: Vívian Lessa

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Alunos lotam salas de lojas especializadas que oferecem cursos em Cuiabá e Várzea Grande
Alunos lotam salas de lojas especializadas que oferecem cursos em Cuiabá e Várzea Grande

Época de Páscoa é um período ótimo para aqueles que desejam ganhar uma renda extra. A venda de chocolates aumenta e, consequentemente, o número de fabricantes caseiros cresce. Para o aperfeiçoamento da culinária, várias casas especializadas em confeitaria oferecem cursos para manuseio, preparação e moldagem de ovos de chocolate e bombons. A iniciativa é aprovada pelo público, que lota salas de aula com o intuito de aprender fazer o doce seja para consumo ou para a comercialização.

A secretária da Sorv & Cia, Josiane Cássia, conta que desde janeiro a empresa se preparou para receber os alunos. Ela diz que para este ano, foram abertas 32 turmas, com a expectativa de receber entre 25 a 35 alunos por sala, totalizando um público de até 1,120 mil interessados. Segundo Josiane, há pessoas que fazem o curso simplesmente para aprender mais um dote culinário, mas também tem alunos que querem complementar a sua renda com a venda de chocolates. No entanto, a maioria dos alunos são profissionais que querem incrementar o seu conhecimento mas que fazem do comércio de doces a sua principal renda. Ela destaca também que os homens marcam presença significativa durante os cursos. "Mas a maioria dos aprendizes continuam sendo as mulheres".

O movimento intenso de alunos em cursos para aprender a manusear chocolates é explicado pelo gerente de vendas da Sorpan, Genivaldo José Silva. Segundo ele, o alto custo dos doces preparados industrialmente, tanto nos supermercados como nas padarias, demanda uma alternativa, que é receita caseira. "Em vez de comprar pronto, as pessoas têm preferido fazer o chocolate em casa". Conforme Silva, neste ano a Sorpan ofereceu cursos gratuitos aos clientes interessados em preparar a sobremesa. "Cerca de 75 alunos participaram do evento". Ele afirma que o movimento deste ano ficou 15% acima da expectativa.

A instrutora de culinária Luzia Iwashita explica que nas aulas os interessados aprendem a preparar o chocolate, desde o seu manuseio, a aplicação na fôrma de moldagem, até a finalização do produto, com as embalagens. Ela conta que já ministrou muitas aulas para os que queriam agradar a família com o chocolate, como também para os alunos que agregavam conhecimento no preparo doce objetivando a comercialização dos ovos. Marilza Vilela é uma das alunas do curso de culinária. Interessada em preparar doces, ela resolveu aprender novas técnicas de fazer o chocolate para agradar os netos e filhos. Assim também pensa Delma Marinho Garcia, que quis fazer o curso para incrementar o conhecimento. "Faço sempre doces em casa". Já o casal Marcílio Ayres e Michele Patrícia constantemente vão à procura de cursos para capacitação no ramo da culinária. Eles contam que o objetivo é aperfeiçoar as receitas para agradar a clientela. Conforme Ayres, a renda mensal com a venda de chocolates chega a R$ 2 mil. Ele ressalta que o comércio acontece na rua, mas enfatiza que tem clientela fixa. O aluno conta que o preço de cada doce fica na média de R$ 2. "Vendemos cerca de 150 doces por dia", ressalta o profissional que há 1 ano deixou a profissão de costureiro para ajudar a esposa na venda das sobremesas. "É possível ter uma boa renda com a venda de chocolates". E é de olho na renda extra que a estudante Whatilla Barcelos se matriculou em curso de culinária. Ela diz que o objetivo principal é agradar os filhos, mas não descarta a ideia de fazer do doce o seu ganho mensal. "Acho que vou começar vendendo para os amigos".

De olho nos preços - O apelo para a compra de ovos chocolates na época de Páscoa pode fazer com que o consumidor pague mais caro pelo produto. Na matemática do tributólogo Galdino Medeiros, o quilo de um ovo de páscoa pode custar até 609% a mais que uma caixa de bombons. Por exemplo, enquanto uma caixa de bombons, com 400 gramas, custa cerca de R$ 6,99, um ovo de 120 gramas é vendido por R$ 14,90. Isso quer dizer que o quilo da caixa de bombons custa R$ 17,48. Já o quilo do ovo de páscoa atinge R$ 124,17. Para Medeiros, a diferença de preço não deveria ser justificada pelo uso de uma embalagem estilizado ou pelo brinde surpresa do produto. "Nos ovos, normalmente, há brinquedos que chamam a atenção do consumidor, mas o chocolate continua sendo o mesmo". Outro exemplo, é o preço cobrado pelo ovo de 375 gramas, que custa em média R$ 29,90. No pesquisa feita pelo tributólogo, o quilo seria R$ 101,07, sendo 516,66% superior ao preço praticado na caixa de chocolate, que foi a base utilizada por ele para calcular a variação no preço de cada ovo de Páscoa. Segundo ele, essas distorções de valores deveriam ser apuradas pelos órgãos de defesa do consumidor. "Muitas vezes a pessoa paga caro por um produto que poderia valer menos", defende Medeiros.

O Procon de Mato Grosso informa que os valores de mercado não são controlados, mas o respeito ao consumidor deve ser mantido. O chefe de Controle e Fiscalização do Procon-MT, Ivo Vinícius Firmo, explica que o órgão não pode interferir na livre concorrência de mercado. Ele adianta que o consumidor tem a opção de escolher qual produto deve comprar. "A pessoa pode estar disposta a pagar um preço para ter um determinado produto, independentemente do preço". No entanto, ele questiona que órgão está averiguando diferenças de valores cobrados por um mesmo produto. "Já constamos que revendedores distintas cobravam preços nos chocolates com uma diferença acima de 50%". Nesse caso, ele ressalta que a participação do Procon é fundamental para assegurar o direito do consumidor. Firmo alerta para que os pais prestem atenção aos preços dos ovos de chocolate que trazem brinquedos no seu interior. Conforme ele, os consumidores acabam pagando mais caro pela mesma quantidade de chocolate por conta do brinde. De acordo com o Procon, vale destacar ainda, que os ovos não possuem um peso padrão. O número 15, por exemplo pode variar de 180g a 265g, já o nº 20 de 300g a 500g, nº 21 de 500g a 600g. O nº 22 de 550g a 600g e nº 23 de 700g a 800g. O consumidor deve, portanto, calcular se o preço equivale à quantidade de chocolate adquirido.

Perspectiva - Os supermercadistas de Mato Grosso apostam em um incremento entre 8% a 10% nas vendas de chocolates para esta Páscoa. Segundo o diretor da Associação de Supermercados de Mato Grosso (Asmat), Altair Magalhães, as empresas se preparam bem, investimento cerca de 10% a mais neste ano do que em 2009. Ele ressalta que assim como em todos os anos, o movimentos nos supermercados se intensifica nos últimos 3 dias, antes do domingo de Páscoa. Além disso, ele aponta que o consumo de outros tipos de produtos, como bacalhau e vinhos, aumenta na média entre 10% a 15% neste período. Sobre o preço dos produtos ele afirma que houve uma pequena variação em torno de 5% sobre o praticado em 2009.

A comemoração da Páscoa também é responsável pela geração de empregos temporários. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem), Mato Grosso irá abrir 1,156 mil novo postos de trabalho durante o período de Páscoa. Em todo país, estima-se a abertura de 61,5 mil vagas temporárias, número 2,5% maior que o registrado no ano passado, quando 60 mil vagas foram preenchidas nacionalmente. Os novos postos criados no Estado representam 1,88% do total do país. No Centro-Oeste, Mato Grosso é o segundo Estado com maior geração de empregos nesse período, respondendo por 23,59% das vagas, perdendo apenas para Goiás que deverá ter 1,962 mil contratações temporárias. Logo atrás, no ranking, estão o Distrito Federal e Mato Grosso do Sul com 935 e 849 empregos, respectivamente.





Fonte: A Gazeta

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