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Domingo - 28 de Março de 2010 às 08:56
Por: Tânia Rauber

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Espera dos usuários nos pontos é longa e, muitas vezes, ônibus que deveria passar num intervalo de 30 minutos, chegam ju
Espera dos usuários nos pontos é longa e, muitas vezes, ônibus que deveria passar num intervalo de 30 minutos, chegam ju

Risco de assaltos, ônibus quebrados e atrasados. Estes são os principais problemas enfrentados por uma grande parcela da população cuiabana que utiliza os serviços do transporte coletivo. Situação esta provocada pelos buracos em vários pontos de ruas e avenidas, uma realidade apontada pelo presidente da Associação dos Motoristas, Olmir Justino Fêu. "Os assaltos ocorrem, principalmente, nos trechos de lentidão no trânsito. E com os buracos nas ruas, os ônibus param por diversas vezes, tornando-se alvos fáceis para os bandidos".

Um levantamento feito pela Associação Mato-grossense dos Transportes Urbanos (MTU) aponta 15 linhas que estariam enfrentando problemas por causa da buraqueira. Entre elas está a Florianópolis-Centro. Também na região do Imperial 2, Mossoró, Novo Milênio, São Francisco, Santa Rosa, Jardim Gramado, Nova Conquista, Jardim Araça, Nova Esperança, dentre outros.

Segundo Osmar Justino, o reflexo está no cansaço físico e também psicológico dos motoristas, que ficam dia e noite dentro do veículo. "O motorista é sempre quem recebe o primeiro impacto. Se o ônibus atrasa, está lotado, ou não consegue cumprir o horário, as reclamações são feitas para ele. Se nós reclamamos, a justificativa do poder público é que estamos no período chuvoso. Depois vão lá, tapam os buracos, e no ano que vem volta tudo de novo".

Realidade que Alex Souza Machado, 30, passa nas ruas. Há três anos trabalhando como motorista, ele conta que toda semana tem que levar o carro para a mecânica. "Estraga muito a suspensão, pneus, pino de eixo. Aí, se estraga na rua, a gente tem que parar e esperar o outro carro chegar. Os passageiros não entendem e ficam bravos com nós".

Machado faz a linha Florianópolis-Centro e gasta mais de 40 minutos para completar o percurso. A situação da principal avenida do bairro é crítica. A via está tomada por buracos e valas, em alguns trechos o asfalto nem existe mais.

O vigilante Eliezer Mariano Silva, 32, que mora no bairro, pega ônibus quase todos os dias para ir até o centro. Ele conta que, dependendo do horário, espera até 40 minutos no ponto. "Atrasa muito e nos horários que há poucos ônibus a situação piora mais ainda. Eu já cheguei a ficar até uma hora aqui no ponto esperando".

A operada de caixa Juliane Evangelista, 35, que trabalha em um açougue na avenida, conta que a situação piora na chuva. Em frente ao estabelecimento há uma enorme vala para escoar a água e dificulta a passagem dos ônibus. "Eles passam muito devagar, acabam até parando, mas sempre batem a frente ou a traseira".

O motorista Gezinel Faustino de Oliveira, 35, reforça que além do cuidado para desviar dos buracos, tem que cuidar dos passageiros. "Não dá para sair sem todos sentarem. Se o passageiro cair é nossa responsabilidade. Então, com esta buraqueira, se andarmos a pessoa pode cair facilmente. O ônibus balança muito".

O desgaste dos ônibus é inevitável. Os moradores reclamam que a maioria dos veículos utilizados tem bastante tempo de uso e não tem ar condicionado. Isso porque os ônibus com ar têm o piso mais baixo, e não conseguem passar em locais com buracos muito fundos.

Realidade que atinge outros bairros, como o Jardim Amália e Araçá. Em alguns pontos das avenidas Neusa Lula Rodrigues e José Luiz Borges Garcia, os veículos são surpreendidos com enormes crateras.

O técnico de pesquisa Moacir Moraes, 59, pega ônibus todos os dias para trabalhar, e, por muitas vezes, o tempo de espera extrapolou. "Às vezes chega dois ônibus juntos, outras temos que ficar esperando um bom tempo".

Isso ocorre porque, com as dificuldades encontradas nas ruas e avenidas, alguns carros não conseguem cumprir o horário previsto. Resultado: ônibus que deveriam passar num intervalo de 30 minutos, acabam passando na mesma hora.

Sem asfalto - Mas se em alguns pontos da cidade os buracos são o problema, em outros, os ônibus passam em ruas que nem pavimentadas são. É o caso da via de acesso a terceira etapa do Pedra 90, conhecido por Voluntários da Paz. Por causa das chuvas, formam-se enormes valas e crateras no meio da pista, e quem passa é obrigado a parar.

O desempregado Ronivaldo Belarmino da Silva, 35, reclama que os moradores sofrem quando chove. "Em alguns lugares nem ponto de espera tem e as pessoas ficam na chuva ou no sol".

Um destes pontos fica em frente a casa da aposentada Oscarlina Camargo, 60. Ela conta que, por diversas vezes, com pena de quem tem que esperar o ônibus, abre o portão da varanda. "Aqui é uma vergonha. Eu já vi carros caírem nesta vala em frente de casa. Os ônibus conseguem fazer malabarismos porque são mais altos".

Enquanto alguns aguardam soluções há meses, outros já puderam comemorar melhorias. Quem utiliza o transporte coletivo no 1º de Março viu um problema antigo ser solucionado há cerca de uma semana, quando vários buracos em um trecho da avenida Soares de Andrade foram tapados.

Mas a alegria durou pouco. Com uma forte chuva na última quarta-feira, o pavimento foi levado pela enxurrada. "A chuva levou tudo e agora ficou nesta situação, tudo cheio de buraco de novo", disse a moradora Andréia Francisca Silva, 23.

Além de todas estas dificuldades, quem utiliza e paga pelo serviço pode ter que arcar com aumento. A tarifa, que hoje é de R$ 2,30, é calculada de acordo com os gastos no ano anterior e também o número de passageiros. "Nós pagamos o mesmo preço, mas não vemos melhorias. Sempre os usuários é que pagam", reclamou o comerciante Aroldo de Melo Guimarães, 47, que há 17 anos mora no local e sempre utilizou do transporte coletivo.

Atualmente, segundo a MTU, somente em Cuiabá, cerca de 283 mil pessoas utilizam do serviço. São 583 ônibus trabalhando na Capital e em Várzea Grande. Três empresas são responsáveis pelo transporte.

Outro lado - O secretário de Infraestrutura de Cuiabá, Euclides Santos, informou que a Prefeitura de Cuiabá já iniciou os serviços de tapa-buracos, lama asfáltica e recapeamento, destinando R$ 36 milhões para as obras. As linhas de ônibus estão sendo priorizadas, bem como vias de grande fluxo de veículos e intrafegáveis. Vinte equipes estão trabalhando nas quatro regiões da cidade. Outras quatro recuperam os cerca de 750 km de vias sem asfalto.

Ele garantiu que todos os trechos que requerem restauração, como a linha de ônibus do Jardim Florianópolis, serão atendidos nos próximos dias.

Cuiabá possui cerca de 1,425 km de pavimento, em sua maioria com o tempo de vida útil esgotado. Parte desse pavimento foi feito em tempos passados, sem drenagem de águas pluviais.





Fonte: A Gazeta

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