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Economia
Domingo - 28 de Março de 2010 às 08:01
Por: Marcondes Maciel

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A nova classificação para os padrões do arroz em casca poderá encarecer os preços do produto nas gôndolas dos supermercados já a partir deste primeiro semestre. O alerta foi feito ontem pelo presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan Galvan. Ele entende que a nova classificação cria dificuldades ainda maiores para os produtores.

A classificação do arroz se dá pela quantidade de grãos quebrados que ele apresenta. Antes da Instrução Normativa 6/2009 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o tipo 1 podia ter no máximo 10% de grãos quebrados. Com a mudança, este percentual de quebra cai para até 7,5%.

De acordo com a fiscal federal agropecuária, Tatiana Dias de Brito, da área de Qualidade Vegetal da Superintendência do Mapa, em Mato Grosso, o órgão vai colher amostras nos supermercados e analisá-las no laboratório para verificar se o produto vendido ao consumidor está dentro das conformidades da Instrução Normativa, que define ainda percentuais de até 15% para o arroz tipo 2, 25% para o tipo 3, 35% para o tipo 4 e, 45%, para o tipo 5.

“Essa classificação é absurda e já está virando pesadelo para os produtores”, reagiu Galvan. Segundo ele, qualquer defeito, por menor que seja, desclassifica o grão. “Com isso, praticamente não teremos arroz tipo 1 nas gôndolas”. Para ele, o que era tipo 1 vai virar tipo 2 e o consumidor terá de pagar mais caro para qualquer padrão de arroz. “Não temos reclamação dos consumidores. O Mapa simplesmente mudou esta classificação, mas para o consumidor não muda nada no produto, só nos preços. Quando o arroz novo chegar às gôndolas, com certeza o consumidor pagará mais caro”.

SAFRA – De acordo com o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do início deste mês, a rizicultura estadual, a terceira do país, recua 12% em área plantada, soma 246,9 mil hectares e a produção cai de 803,9 mil toneladas para 742,7 mil t, em comparação com ciclo anterior.

DESESTÍMULO - Para Antônio Galvan, a nova classificação afeta produtores de todo o Estado e desestimula a cultura do arroz em Mato Grosso. "Perdemos mercado, pela questão da logística, por causa da entrada de arroz importado e do baixo preço do arroz gaúcho. Se colocarem mais barreiras em nossos produtos ficaremos sem mercado. Vamos ter de abandonar a atividade”.

João Eduardo Cerquetti, produtor na região de Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá), também acha que a nova classificação vai ser prejudicial ao setor. "O arroz produzido aqui vai cair de tipo 1 para tipo 2. Para nós, que já chegamos a ocupar a segunda colocação no ranking de produção no país, este será mais um golpe", frisou.

Segundo ele, a mudança de classificação do arroz produzido no país só atingirá os estados que compõem a fronteira agrícola, como Mato Grosso. “Pelas dimensões do país e diversidades socioeconômicas e culturais, é importante que se evite o estabelecimento de padrões de classificação cujos parâmetros sejam estabelecidos a partir de mercados mais sofisticados ou de preferências regionais”, frisou.

As variedades que mais se destacaram nesta safra, no Estado, foram o Primavera, Cirad Cambará, Sertanejo e Ipê, maior destaque ao primeiro.

A meta do Ministério é melhorar a qualidade do produto oferecido ao consumidor, procurando reduzir as discrepâncias existentes entre a legislação e o praticado pelo mercado. Além disso, existe também a necessidade de aproximar o padrão de classificação brasileiro com o internacional.





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