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Economia
Domingo - 28 de Março de 2010 às 07:54
Por: Jonas da Silva

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Preocupação dos produtores de Mato Grosso é com o escoamento da produção de milho
Preocupação dos produtores de Mato Grosso é com o escoamento da produção de milho

Produtores de Mato Grosso vão produzir um milhão a mais de toneladas de milho na safra atual que começa a ser colhida em maio. A oferta total deve registrar 10 milhões de toneladas na safra com a produção e o estoque em armazéns, segundo as projeções de fevereiro da Associação de Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O cenário de milho colocado a céu aberto próximo à rodovia BR-163 em propriedades como nos anos anteriores pode se repetir, avisam produtores. A saída é o escoamento da safra simultaneamente à sua colheita via instrumentos públicos para não deixá-lo armazenado em fazendas ou em locais credenciados pelo governo.

O levantamento do quadro de oferta e demanda da Aprosoja mostra que o estoque inicial da safra agrícola atual e a produção registra 9 milhões de toneladas. Mas a correção para um cenário alternativo de produção a ser alcançada eleva a cota para os 10 milhões de toneladas. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), há 5,3 milhões de toneladas do milho em estoques públicos em todo o Brasil e a produção é crescente, de acordo com informações da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho). Somente em Mato Grosso, informa o superintendente da Conab, Ovídio Costa, há estoque de 2,9 milhões de toneladas. Tudo somado, o preço do milho é pressionado, mesmo diante da expansão de demanda para a avicultura.

O diretor executivo da Aprosoja, Marcelo Duarte, informa que os fatores produção e estoques preocupam os produtores. Esse foi o motivo que fez líderes de 18 pólos de agricultores se debruçarem sobre o assunto na Assembleia do Conselho de Representantes na semana que passou e estudar uma alternativa para a subvenção do milho. "Decidimos preparar um documento e enviar para Brasília ao ministério, onde dizemos que o governo tem que escoar no mínimo 7 milhões de toneladas via Pepro (Prêmio de Escoamento da Produção)". O total requerido para transportar via incentivo governamental é o mesmo do ano passado.

Para Marcelo, a forma de comercialização por meio do instrumento facilita a retirada do milho do Estado e dá folga para entrada de mais produto que será colhido. "As Aquisições do Governo Federal (AGF) e o Contrato de Opção são ferramentas importantes, mas o produto é comprado e deixado aqui. Só retarda o problema". As duas ações provocam a estocagem, pois o milho fica guardado aqui e não é distribuído para o consumo. Ele informa que o governo federal nunca quis sinalizar o que fazer quando se inicia cada segunda safra de milho, como é no caso de Mato Grosso. Marcelo diz que a falta de logística impacta bem mais no grão do que na soja, pois atualmente o preço do produto está em torno de R$ 6,00 a R$ 7,00 a saca no Estado.

De toda a produção de Mato Grosso, de cerca de 9,20 milhões de toneladas que pode ser alcançada, segundo a Aprosoja, cerca de 2,20 milhões serão utilizadas no consumo interno. A diferença precisa ser escoada para fora do Estado. Na safra 2008/2009, os produtores de milho de Mato Grosso produziram 8,5 milhões de toneladas. A exportação registrou 5 milhões de toneladas. Outro indicador que ainda preocupa o setor, de acordo com estimativa da Aprosoja, é o fato de as exportações previstas para este ano atingirem 4,5 milhões de toneladas, ou queda de 10% comparado ao ano passado.

Soluções - O superintendente da Conab no Estado alertou que brevemente os produtores serão aliviados com a tensão da colheita de milho que se aproxima e a falta de saídas para estimular a comercialização e consequente consumo. Sobre eventual leilão e outros mecanismos, ele acredita que "nos 10 primeiros dias de abril deve ser definido".

Ovídio diz que técnicos da companhia estatal e da Secretaria de Política Agrícola (SPA) do ministério também estão concentrados em análises para encontrar solução para o problema. "A Conab e a SPA estão ultimando estudos que vão definir os instrumentos a serem utilizados no Estado tanto para o milho de segunda safra, quanto para os estoques governamentais".Quanto ao milho a céu aberto, o superintendente reforça que "o problema de fato existe". Mas que "há um trabalho da Conab para a evolução da capacidade estática de grãos do Estado, que é praticamente igual à produção".

A assessoria da secretaria do Ministério da Agricultura informou que o governo federal não tem nada definido a respeito de subvenção ou prática para comercializar o milho e auxiliar no esvaziamento dos estoques. Uma decisão nesse sentido deve vir de uma portaria interministerial para abrir a comercialização, assinadas pelos ministros da Agricultura, Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão. A porta-voz explicou que um informe de leilão que corre no mercado e está programado para a primeira quinzena de abril é da safra passada. Ela reforçou que as regras de comercialização atual para o milho estão centrada só no AGF.

Há 10 dias, o coordenador de Cereais e Culturas do Ministério da Agricultura, Silvio Farnese, informou que o governo já tem uma linha de raciocínio de realizar leilões de Pepro e de Prêmio para Escoamento de Produto (Pep), durante o 2º Fórum Nacional do Milho, realizado no Estado do Paraná. Segundo suas informações, haverá recursos para 15 milhões de toneladas, mas sem aumento de recursos oficiais. Em 2009, foi utilizado cerca de R$ 1 bilhão para 10,6 milhões de toneladas. Ainda de acordo com o coordenador, os leilões do governo beneficiarão os Estados do Paraná, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia. Ele diz que o valor para os leilões será de R$ 17,48 a saca.

Indústria - O presidente em exercício da Federação da Indústria no Estado de Mato Grosso (Fiemt), Jandir Milan, diz que a preço baixo do milho no Estado acaba por favorecer a industrialização e fazer a transformação da proteína vegetal em proteína animal, com a utilização do milho como alimentação de suínos e frangos. "A saca de milho em Lucas do Rio Verde está em torno de R$ 7,50. Então, você vai investir em aumento da produção". Ele cita um movimento que esse preço baixo da matéria-prima provoca nas vendas externas. Por exemplo, no primeiro bimestre deste ano, Mato Grosso exportou 26 mil toneladas de carne bovina. Já em aves, no mesmo período, a quantidade para o mercado externo atingiu 22 mil toneladas. "Antes de 5 anos, vamos ser o maior produtor de aves do Brasil. Novos frigoríficos estão chegando".





Fonte: A Gazeta

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