Silval mantém 360 cargos com DEM; acuado, Oscar exige apoio a Wilson
Silval Barbosa, que assume o governo na próxima quarta (31), decidiu desde já que não vai exonerar de cargos comissionados pessoas indicadas pelo DEM, mesmo se tratando de um partido que pulou para o palanque da oposição e se uniu ao tucano Wilson Santos na corrida pelo Palácio Paiaguás. Com essa estratégia, a tendência é que democratas fiquem rachados, entre apoio à reeleição do peemedebista e ao hoje prefeito da Capital. O presidente estadual do DEM, Oscar Ribeiro, começou a dar ultimato aos filiados. Ameaça até com expulsão aqueles que não aderirem integralmente à campanha do tucano. Sugere também entrega dos cargos. Muitos resistem.
O grupo tem como caciques políticos os irmãos Júlio e Jayme Campos, que, enquanto governadores, sofreram oposição dura do ex-deputado estadual e federal Wilson Santos, que era do PDT, pulou para o PMDB e hoje está no PSDB. Campos e Wilson conviveram politicamente em conflitos por duas décadas. Para as eleições gerais deste ano, resolveram se reaproximar. A postura de Silval de manter as indicações do partido e as rusgas do passado entre os grupos opositores podem prejudicar a candidatura de Wilson.
O DEM conta com aproximadamente 360 cargos na administração estadual. Alguns serão substituídos por causa de outras situações, como o presidente da Empaer Leôncio Pinheiro, que se afasta com a intenção de se candidatar a deputado. Cada deputado indicou cerca de 15 cargos. Silval optou por mantê-los, mesmo com a ruptura do partido com o Paiaguás. A decisão agrada a bancada democrata na Assembleia, principalmente os governistas Gilmar Fabris e José Domingos. Nos bastidores, a ex-tucana Chica Nunes, agora no partido de Jayme, vai aproveitar a brecha para, alheia à candidatura Wilson, também emplacar cargos, assim como Dilceu Dal Bosco.
Nas eleições de 1998, o então governador Dante de Oliveira (PSDB) usou o mesmo trunfo sobre o PMDB, que havia se distanciado do Palácio Paiaguás para se coligar com o velho PFL (hoje DEM), levando à dupla derrota Júlio Campos para governador e Carlos Bezerra ao Senado. Na época, Dante "segurou" nos cargos até secretários que pertenciam à agremiação peemedebista. Esses filiados provocaram racha no partido e ainda ajudaram a reeleger o tucano.
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