Réu-confesso será hoje submetido ao julgamento de 7 jurados que devem decidir se ele é imputável ou não
Começa hoje Júri popular do assassino de Kaytto
Se o evento mais aguardado de hoje é o julgamento de Edson Alves Delfino, o pedreiro de 29 anos que estuprou e matou o menino Kaytto Guilherme Pinto em abril de 2009, a discussão que tomará o dia inteiro no tribunal do júri em Cuiabá é a da sanidade mental do réu. Segundo defesa e acusação, o assunto é o ponto principal do julgamento, pois diz respeito à imputabilidade de Delfino pelos crimes confessados e definirá o destino do pedófilo, que pode ser a reclusão em penitenciária ou até mesmo a internação em instituição psiquiátrica.
Por se tratar de um réu confesso, o julgamento de hoje será marcado pelas teses da defesa e da acusação tentando convencer os sete jurados sobre a condição mental de Delfino no ato criminoso, num debate que não deve demandar a prorrogação da sessão. Apenas sete testemunhas serão ouvidas e duas delas, de defesa, poderão até ser dispensadas.
As demais cinco testemunhas foram arroladas pelo Ministério Público (MP) e consentidas pela defesa; são os dois peritos responsáveis pelo laudo psiquiátrico de Delfino (que descartou a condição de insanidade mental), a mulher que forneceu seu retrato-falado, um policial da investigação do crime e o pai de Kaytto, Jorgemar Luís Silva Pinto.
O promotor João Augusto Veras Gadelha antecipou que defenderá hoje o laudo psiquiátrico de Delfino, sustentando que ele confirma o fato de que o pedófilo tinha total compreensão de seus atos quando estuprou, assassinou e ocultou o corpo de Kaytto, na época com apenas 10 anos.
“Ele não tem qualquer distúrbio. O que ele tem – pedofilia - é um desvio de conduta”, esclarece o promotor, argumentando a favor da imputabilidade de Delfino pelos crimes. Ele espera a aplicação de uma sentença alta, com pena de aproximadamente 40 anos de reclusão e segregação do convívio social.
Do outro lado, a defesa busca a aplicação de uma medida de segurança, que seria a internação psiquiátrica. “O Edson é um sociopata. Não tem auto-determinação”, afirma veemente o defensor público Altamiro Araújo de Oliveira. Ele sustenta que, embora homologado pela Justiça, o laudo psiquiátrico de Delfino não foi feito de acordo – o procedimento incluiria um exame especial de tomografia, que não houve.
Sobre as duas testemunhas que arrolou – uma irmã de Delfino e a tia que o criou – o defensor diz que o depoimento delas é de caráter complementar para atestar o fato de que o réu possui insanidade mental. O defensor só não soube informar sobre o atual estado de Delfino e como ele tem vivido os últimos dias antes do julgamento na cadeia; a última vez em que viu o réu, diz, foi há seis meses.
JULGAMENTO – O julgamento de Delfino começa hoje, às 8 horas, no Fórum de Cuiabá. A sessão será aberta à população, que deve comparecer com antecedência para o cadastro, caso queira acompanhar. Segundo o juízo da 1ª Vara Criminal, a sessão não deve se estender além de hoje. O tribunal comporta cerca de 200 pessoas e a expectativa é de que fique lotado pelo choque causado pelo crime em Cuiabá. O menino Kaytto foi abordado pelo pedreiro quando ia tomar um ônibus para a escola, no Residencial Paiaguás. Como se oferecesse carona, Delfino levou Kaytto a um matagal, onde o estuprou, o matou e onde escondeu o cadáver.
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