Maior jogador da história da Seleção Brasileira, Pelé teme a reação dos estreantes do técnico Dunga na Copa do Mundo da África do Sul, e acredita que chamar um campeão mundial como o meia Ronaldinho, do Milan, pode ser a saída quando a pressão pesar sobre os que nunca disputaram um Mundial. Dos 23 brasileiros que disputarão a Copa, o Dunga deve chamar cerca de 13 "novatos", de acordo com as últimas convocações.
"Eu acho que o Brasil está no caminho certo, apesar de a gente ter que tomar um certo cuidado porque a maioria desses jogadores não disputou ainda uma Copa do Mundo. Então, é uma pressão muito grande, precisa ver como esses jogadores vão se portar", afirmou o ex-atleta nesta terça-feira.
Por isso, o campeão do mundo em 58, 62 e 70 levaria Ronaldinho, que completou 30 anos no domingo e já disputou dois Mundiais, tendo sido campeão em 2002. "Se o Ronaldinho estiver jogando esse futebol, eu acho que seria uma boa peça. Ele pode ser um jogador útil numa hora em que os mais jovens, que nunca jogaram uma Copa do Mundo, se sentirem um pouco pressionados", disse.
Ronaldinho, que jogou pela última vez pelo Brasil em abril do ano passado, voltou a ter boas apresentações pelo Milan este ano, aumentando as especulações sobre sua volta à Seleção. Porém, Dunga não parece disposto a chamar o melhor jogador do mundo em 2004 e 2005: prefere apostar em outros atletas experientes, como o meia Kaká, o volante Gilberto Silva e os zagueiros Lúcio e Juan.
A aposta Adriano é uma incógnita. O atacante do Flamengo voltou a colocar seu desempenho em campo em risco por confusões na vida pessoal. Para Pelé, a situação é "lamentável". "Acho que é uma figura importante, mas ele tem essa fraqueza, e não é a primeira vez que acontece isso", afirmou o ex-jogador, que defende o trabalho de Dunga à frente da Seleção Brasileira dizendo que foi um dos poucos a concordar com sua contratação: "todo mundo sabe da sua dedicação, da sua seriedade, da sua honestidade".
Dunga assumiu o cargo após o Mundial de 2006, quando o Brasil foi eliminado nas quartas de final e estrelas como Ronaldo, Roberto Carlos e Ronaldinho não foram bem. O treinador promoveu uma reformulação no grupo e teve bons resultados: foi campeão da Copa América em 2007, da Copa das Confederações no ano passado e terminou as eliminatórias em primeiro lugar.
Para Pelé, o Brasil e a campeã europeia Espanha são as seleções que melhor estão jogando nos últimos cinco anos. No entanto, ele disse que é difícil apontar favoritos para ganhar a primeira Copa a ser realizada na África. Ele citou Argentina e Inglaterra como equipes que podem surpreender.
"Mesmo as equipes que não estão bem, como a Argentina, você tem que respeitar. É um país que está acostumado a jogar Copa do Mundo", declarou ele sobre o time comandado por Diego Maradona, que só garantiu vaga no Mundial na última rodada das eliminatórias.
"Um país que também não estava jogando bem, mas eu acho que, para essa Copa do Mundo, vai ser um país difícil, é a Inglaterra, que pode ter uma equipe poderosa. Entra para chegar entre as quatro".
Candidatos a craque da Copa, para o ex-craque do Santos, são três: Lionel Messi, Cristiano Ronaldo e Robinho. "Temos bons jogadores, que vêm se destacando. Mas não podemos dizer que o Messi, por exemplo, possa ser (o destaque). Ele é um grande jogador, está jogando maravilhosamente no Barcelona, mas quando vai para a seleção não tem o mesmo rendimento", opinou.
"Tem o Cristiano Ronaldo, que também é uma figura maravilhosa, e o Robinho, que já melhorou bastante e tem chance de ser uma das grandes figuras do campeonato", afirmou. "Para o público, o Robinho tem um futebol mais alegre, que chama mais a atenção. Agora, para a Seleção Brasileira, é muito importante que o Kaká esteja bem fisicamente".
Pelé lembrou ainda que um novato pode ser destaque da Copa, assim como aconteceu com ele próprio em 1958 aos 17 anos, e voltou a dizer que levaria o atacante santista Neymar, 18 anos, para a África do Sul. Com 69 anos de idade, Pelé já foi tema de diversos livros e exposições e contou que o "próximo desafio" é a construção do Museu Pelé em Santos, cidade onde brilhou por muito tempo.
"O grande projeto da minha vida é o Museu Pelé. Já tem o terreno, já temos a verba para construir. Vai ser uma coisa importante para deixar para as futuras gerações", afirmou.
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