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Polícia Brasil
Segunda - 22 de Março de 2010 às 00:05

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Imagens mostram como agem os assaltantes de ônibus
Imagens mostram como agem os assaltantes de ônibus

Assaltos a ônibus cada vez mais assustam motoristas, cobradores e passageiros em grandes cidades.

Em Campo Grande, foram registrados 181 roubos nos dois primeiros meses do ano, uma média de três por dia.

Na capital, a figura do cobrador foi extinta. Agora é o motorista o responsável pelo caixa, que fica ao lado da porta. O policiamento foi reforçado em algumas regiões.
 
No caso mais violento até agora, a vítima foi um motorista. Eram 22h15 de 17 de fevereiro. Com uma faca, o assaltante entra no ônibus e exige dinheiro. “Fez aquele barulho com a voz grossa: ‘Passa, passa, passa’. E já veio com a faca, já recebi as facadas na hora”, lembra o motorista, que levou duas facadas na barriga e uma no braço. “Ele veio para matar. Ele não veio só para roubar. Ele queria me matar para levar o dinheiro”.

O ladrão fugiu com R$ 400. Foi detido dois dias depois. Segundo a polícia, ele tem 17 anos e usou o dinheiro para comprar drogas. “Ele pegou um trabalhador, não pegou um malandro. E ele não veio pela frente, veio com aquela covardia por trás”.

Na delegacia especializada de atendimento à infância e juventude de Mato Grosso do Sul, dois jovens flagrados participando de outros assaltos contam o que fazem com o dinheiro do roubo. Ela tem 17 anos, ele, 16. “Ficamos jogando sinuca, tomando cerveja, meu irmão jogando fliperama”, conta a adolescente. 

O rapaz diz que não que não se arrepende do crime. "Quando sair daqui vou continuar. A minha vontade é de ficar pior ainda", diz.

O adolescente, que tem 20 tatuagens, foi detido outras quatro vezes por furto, ameaça, tráfico de drogas e tentativa de homicídio. Ele compara a vida a um jogo de videogame. "Se você roubar, se você for preso, é uma fase do jogo. Se eu morrer, acabou o jogo", diz.
 
A delegada Maria de Lourdes de Souza Cano explica que, de certa forma, assaltar um ônibus é mais fácil para um menor. “Ele não precisa andar muito para praticar o roubo, ele pratica ali mesmo, na região onde ele mora. Basta ele caminhar uma quadra e ali mesmo ele pratica o seu roubo”, disse.

Em outras grandes cidades brasileiras, as câmeras de segurança instaladas em ônibus urbanos também registraram cenas de muita violência. No fim do mês passado, em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, dois assaltantes mataram a tiros um motorista, de 37 anos. Em Guarulhos, também na Grande São Paulo, a média é um assalto por dia, segundo o sindicato que representa as empresas de ônibus.

Na Região Metropolitana do Recife, há registros de um roubo a cada dois dias, neste ano. Um aconteceu perto da Praia da Boa Viagem, uma das mais movimentadas de Pernambuco. As imagens mostram o ladrão com um revólver. Ele obriga os passageiros a por a mão na cabeça. Depois, pega o dinheiro de todo mundo e vai embora, tranquilamente. A ação dura menos de cinco minutos.

Em Fortaleza, os ladrões atacam em média um ônibus por dia. O Fantástico teve acesso a um flagrante, de julho do ano passado. Um passageiro é baleado pelo ladrão, recebe os primeiros socorros dentro do veículo, mas não resiste aos ferimentos.

Para a polícia, a pessoa nunca deve reagir a um assalto, ainda mais num ônibus, que costuma andar sempre lotado. “Se a pessoa reagir, com certeza, ele vai lesioná-la ou até matá-la”, afirma a delegada.

De acordo com a polícia, é por volta das 19h, quando muitas pessoas estão voltando para casa, que acontecem a maioria dos assaltos.

Em Campo Grande, o Fantástico embarcou na linha 409, assaltada 33 vezes este ano. O motorista, que levou três facadas de um ladrão mês passado e sobreviveu, trabalhava nessa linha.

Por causa dos roubos, os passageiros dizem que tentam andar agora com pouco dinheiro no bolso. De preferência, só com o valor da tarifa: R$ 2,50. Afirmam também que, como a maioria dos ladrões aparenta usar drogas, ninguém sabe qual será a reação deles.

“Está tendo assalto direto. Meu filho também pega ônibus para ir para a escola, eu fico com muito medo”, disse a dona de casa Miriam da Costa.

Conforme o ônibus se afasta do Centro da cidade em direção à periferia, o medo aumenta. “Quando entra bastante gente, já pega a bolsa, já segura. Medo de ser assaltada mesmo”, contou a recreadora Sônia Borges.

Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, o bilhete eletrônico usado na maioria das grandes cidades brasileiras, e também em Campo Grande, ajuda a diminuir os assaltos.

Com esse cartão, o passageiro não usa dinheiro vivo pra pagar a tarifa. O valor é descontado dos créditos colocados antecipadamente no bilhete, mas, na grande maioria dos municípios, a pessoa consegue pagar a tarifa na hora. Em Goiânia, não. Lá, não se aceita dinheiro dentro dos ônibus. O pagamento tem que ser feito antes do embarque.






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