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Cidades/Geral
Domingo - 21 de Março de 2010 às 05:25
Por: Noelma de Oliveira

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Jane Pessoa/DC

Nome: Terezinha de Souza Maggi
Idade: 49 anos
Formação: Advogada
Naturalidade: Foz do Iguaçu (PR)
Estado Civil: Casada com o governador Blairo Maggi, três filhos e uma neta




Valeu a pena. A frase resume os sete anos e três meses de atuação da secretária de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social, Terezinha Maggi. A exatos 10 dias de passar o “bastão” para a futura primeira-dama de Mato Grosso, Roseli Barbosa, ela faz um balanço das ações na área social.

Os números deveriam falar por si, mas Terezinha busca relatar os pormenores. Em linhas gerais, os atendimentos à população carente – em algum tipo de serviço – são superiores ao número de habitantes de Mato Grosso, que ultrapassa os três milhões.

Às vésperas de deixar o cargo, ela conclui os detalhes do último projeto que vai tocar: a Paixão de Cristo, cuja encenação em anos anteriores foi prestigiada por mais de 20 mil pessoas. Ela conta ainda que os recursos são divididos para os 141 municípios, nem que fique apenas uma moeda para cada cidade.

Para se ter uma dimensão dos números da Secretaria, são pelo menos mil convênios com os mais diversos órgãos públicos e entidades. O registro civil tem sido uma constante preocupação da Secretaria. A inclusão digital abrange 115 municípios, o Bolsa Família 168.755 famílias, ações sócio-educativas somam 345 mil atendimentos, além de 400 parceiros.

Terezinha Maggi – Em primeiro lugar eu levo o amor. Quando a gente entrou no governo, a população tinha esperança e deu para a gente suprir um pouquinho aquele desejo das pessoas de perceber a presença do governo. Desde 2002, quando a gente surgiu, saímos da empresa para a vida pública, eu senti nos 141 municípios a ansiedade e a esperança da população. Toda vez que eu chegava numa cidade, havia aquele pedido para habitação, estrada, entre outros. Idosos me pediam amparo, a gente via crianças deficientes até em cima de caminhões. Tudo que a gente fez para a população foi em prol da necessidade observada nos municípios. E começamos a trabalhar na linha do que a gente sentia, o que era o desejo e a esperança do povo. Trabalhamos muito para amenizar o problema que as pessoas sentiam.





Diário – A senhora não depende deste salário. A sua doação neste trabalho mudou a sua vida?

Terezinha - Com certeza, a gente cresce, a gente tem uma visão diferente. Hoje, meus valores são outros. Hoje nós valorizamos tudo. Eu sempre coloquei que antes eu ficava atrás de outro balcão, era muito mais fácil vim pedir para eu ajudar em um bingo, e eu fazia um cheque e pronto. E agora eu senti na pele o que é ser mais humana para ajudar o ser humano. E hoje, do lado de cá, eu sinto que precisei doar muito de mim porque muitas coisas não são financeiras - é doação de si, do teu eu para as pessoas. É um carinho, um abraço, é solucionar, é levar solução para aquele cidadão que depende do Poder Público. Nós temos uma burocracia e temos que solucionar dentro desta burocracia.



Diário – A Setecs tem atuação em todos os 141 municípios?

Terezinha – Temos. São mutirões (com registro de nascimento, carteiras de identidade, CPF), enfim, damos a verdadeira cidadania – do bebê ao idoso. A gente faz realmente um resgate social, a justiça social. Temos um microcrédito a juros zero, o único no país, o único governo que se preocupou com o cidadão em dar um empurrãozinho na vida deles. Muitas destas pessoas não estão mais hoje com o nome no

Serasa e no SPC, mas mesmo que tivessem com o nome no Serasa e no SPC, nosso objetivo era encontrar uma forma para limpar o nome com o próprio suor. Foi através do filho, com mais de 18 anos ou uma pessoa muito próxima para fazer um empréstimo nesta linha, e todos eles pagaram. Enfim, acho que todas as ações que nós tivemos aqui, como co-financiamento, atenderam muito bem os anseios. Tantos os idosos como os deficientes me pediam para olhar por eles, eles tinham esperança neste governo.



Diário – À frente da Setecs, a senhora viu o Bolsa Família nascer. Este programa realmente muda a vida das pessoas?

Terezinha – Eu parabenizo o presidente Lula por tirar o Bolsa Família do papel e coloca-lo em prática. Foi o único presidente que entrou dando realmente a dignidade. Nós temos aquele público que não adianta dar a vara para ele pescar. Ele tem cinco filhos, dez filhos. Ele só é visto por aqueles que colocam o pé no chão e vão atrás para fazer o cadastramento, que são as assistentes sociais, as primeiras-damas em todo o Estado. Elas hoje podem dizer que conhecem a realidade do cidadão que precisa do Bolsa Família. Às vezes não adianta dar um curso de qualificação porque a pessoa não consegue nem ir ao curso porque tem que cuidar dos seus filhos. São pessoas que estão na extrema pobreza. Então, nós temos que olhar por eles e o Bolsa Família vem para suprir, para tapar este buraco. Foi a melhor forma de ajudar um cidadão com dignidade, para ele não precisar enfrentar uma fila com o Sol, pedir esmola para o Poder Público. A pessoa recebe o seu cartão e, com ele, pode comprar o pão para seu filho.



Diário – Existe o assistencialismo nesta sua área de atuação?

Terezinha – Infelizmente existe. Aqui no caso do governo, é só por ordem judicial ou também por meio da Defensoria Pública, que pode dar uma declaração de pobreza e o Estado também atende. Muitos vêm pelo Ministério Público, que nos informa que a pessoa precisa ser atendida porque está vivendo na extrema pobreza. Nestes casos, o Estado ajuda pelo tempo que estabelece a determinação judicial. No caso da mulher, a mesma coisa. Então, nós do Estado ajudamos muita gente ainda na base do assistencialismo.



Diário – Violência contra a mulher. O que a senhora tem a dizer para as mulheres que ainda enfrentam esta situação? O que o Estado faz para barrar este tipo de violência?

Terezinha - Eu tenho aqui o Conselho da Mulher, dentre os nove conselhos da nossa Secretaria. Quando fazemos campanhas, encaminhamos muita coisa para a mulher com o maior número de filhos, para mulher vitimada. No caso das casas que são doadas, a preferência é para a mulher chefe de família. Em tudo o que fazemos, a mulher, o idoso e o deficiente têm preferência. Em tudo o que foi feito, como as campanhas, tudo que se possa imaginar, nós trabalhamos para a família toda, mas em especial para a mulher. As mulheres vitimadas por violência são atendidas de imediato e os seus filhos vão para o Lar da Criança.



Diário - Um marco da sua gestão são as campanhas: Natal da Família, Casamento Comunitário, a Páscoa, para citar algumas delas. A que a senhora atribui o sucesso destas campanhas? Há muitas parcerias com o empresariado, não é mesmo?

Terezinha – Credibilidade não é qualquer um que conquista. Eu sempre prestei contas do que fazemos. Todos os empresários que hoje se encontram nesta jornada de campanhas recebem a prestação de contas, através de um DVD das famílias que foram contempladas, além de um ofício informando para eles todos os detalhes. Com estes documentos, se houver algum questionamento, eu passo o endereço da família contemplada. Então eles podem conferir e ser grandes fiscais.



Diário – A senhora tem feito uma espécie de transição para Roseli Barbosa (esposa do vice-governador Silval Barbosa). A sua sucessora promete dar continuidade para estas campanhas?

Terezinha – Com certeza. A dona Roseli está aqui comigo há uns quatro meses. Nós estamos juntas todos os dias. Eu fiz para ela um dossiê de cada Secretaria-adjunta, qual a atuação de cada uma, com todos os encaminhamentos – desde a nota-fiscal que ela tem que assinar - que é uma coisa inédita, ninguém faz isso numa transição.

Então, a partir desta transição vai ficar fácil para ela dar continuidade às ações. Porque tudo está encaminhado. Dona Roseli vai ter uma experiência muito gostosa. Eu a estou preparando, me prontifiquei a ajudar e ela não tem o direito de errar. Eu quero estar junto com ela para não errar, uma coisa inédita também. Então, estou muito feliz em poder ajudar alguém porque estou preocupada com a população, que não pode sofrer sequer um minuto. Esta Secretaria não existia, existia no papel, mas não na parte da realidade e hoje eu me sinto muito feliz em poder ajudar alguém a administrar o Estado dentro da área de atuação da Setecs. E também acho que o Estado não pode parar. Imagine parar um ano para alguém vir aprender o “beabá”. Não acho justo fazer isso com o povo, por isso que o nosso vice-governador trabalhou com o governador em todas as determinações. O Silval participava da área sistêmica e sabe para onde que vai os recursos do Estado.





Diário – O fato de a senhora ter cobrado transparência nas ações da Secretaria resultou em alguma reação dos servidores?

Terezinha – Se gerou, eles nunca demonstraram. Porque resultado houve. Se eles reclamaram de alguma coisa, foi em silêncio, mas eles trouxeram resultado. Eu sou muito grata - nós trabalhamos em equipe. Primeira conquista que eu obtive aqui na Secretaria foi trabalhar em equipe para trazer resultados para a população. Nós temos que ser dignos dos nossos salários. Estou saindo com o coração não mão, sou muito grata a todos aqui porque eu nunca tive uma receptividade tão forte, tão bonita como aqui. Eu vejo isso nos corredores.



Diário – A senhora está deixando a Secretaria para acompanhar o governador na campanha ao Senado. Terminada esta campanha, pretende se doar a algum serviço voluntário?

Terezinha – Eu recebi do Juizado, não sei se o momento é próprio para falar, mas o Juizado Especial da Criança e do Adolescente está pensando alguma forma para eu trabalhar voluntariamente pelas crianças do Lar da Criança. Como eu estou com muitas obras dentro do Lar, como o meu amor é tão grande, não quero que as obras parem. Então vou me doar para as crianças.



Diário – O fato de ter conhecimento jurídico, pela sua formação em Direito, facilitou as ações aqui na Secretaria?

Terezinha - Aqui é uma Secretaria que tem que ter o perfil jurídico. Não pode ser amadora para tocar esta Secretaria porque você mexe com leis 24 horas por dia. Eu leio aqui pilhas e pilhas de processos. Trabalho, Emprego e Cidadania, tudo dentro da lei. Aqui não dá para brincar de faz de conta, não pode ser um palanque, aqui não pode estar uma pessoa figurativa, é necessário ação. Assistência Social hoje é totalmente dentro da lei. Não estamos mais naquele tempo em que se brincava de fazer mentira com o povo, induzindo o povo com cesta básica. Aqui é tudo dentro do Direito. Quem não entende de lei, nesta pasta, pode comprometer a atuação. E quem perde com isso é a população.



Diário – Como será a sua atuação na campanha eleitoral deste ano?

Terezinha – Vou para o campo, vou para onde sempre fui que é para as ruas. Vou participar. Quero mostrar que o Estado não pode parar. Vou levar junto Roseli, para que ela tenha oportunidade de se apresentar para a população. Ela é muito dinâmica e vai repetir o sucesso que a gente já vem tendo.



Diário – Então estará nas ruas...

Terezinha - Sou cabo eleitoral número um do governador, número dois do novo governador Silval Barbosa e número três da futura presidente Dilma Rousseff. Não vai ter espaço para a gente brincar em serviço, nós vamos trabalhar muito para ter estas eleições com dignidade.





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