Paciente na UTI do hospital com um ventilador do lado num ambiente que deveria ter ar-condicionado instalado; CPI descobre caos na unidade regional; aparelhos estão desativados; pacientes choram
UTI do hospital de Rondonópolis funciona na base do ventilador
A CPI da Saúde, sob o deputado Sérgio Ricardo, descobriu, em inspeção ao hospital regional de Rondonópolis nesta sexta à noite, que a unidade criada para atender pacientes de 19 municípios do Sul mato-grossense, com cerca de 450 mil habitantes, se encontra sucateada. Um aparelho de endoscopia recém-adquirido não está instalado por falta de funcionário para operá-lo. Enquanto isso, há fila de 600 pessoas para fazer o exame endoscópico.
Existem 10 leitos de UTI, mas quatro estão desativados por falta de ar-condicionado. As outras seis estão ocupadas por pacientes já no limite da vida em locais com apenas ventiladores. A falta desse equipamento impede também o uso diário de um aparelho de raio-X tele-comandado.
Entre outas gravidades detectadas pelos membros da CPI e por profissionais que acompanharam a visita está o caso de um aparelho de raio-X que está funcionando apenas com 20% de sua capacidade simplesmente porque o ar-condicionado instalado não é o ideal. O caos que veio à tona provocou revolta geral. Deputados encontraram pacientes e familiares chorando. Eles pediam socorro e ajuda ao governo estadual para melhorar a estrutura do hospital regional em todos os sentidos, já que a unidade está "encolhendo".
O Estado possui quatro hospitais regionais. A CPI da Assembleia já visitou os de Cáceres e de Rondonópolis. O próximo será o de Sorriso. Perguntado sobre a realidade encontrada em Rondonópolis, o presidente da Comissão Sérgio Ricardo disse, sem rodeios, que "a situação é de caos". "Quanto mais a gente se aprofunda nessa questão da saúde pública, mais vamos descobrindo absurdos". O parlamentar adianta que a tendência é da CPI ser prorrogada por até seis meses, se necessário. "Não temos que ter pressa para continuar investigando. Vamos fazer um retrato do que encontramos e propor soluções".
Segundo o deputado, é inadmissível que o hospital de um pólo tão importante como o de Rondonópolis enfrente tamanha dificuldade para funcionar por falta de equipamentos. Ele observa que um aparelho de raio-X deve custar cerca de R$ 150 mil e não está funcionando por falta de um conjunto de ar-condicionado que teria solução com cerca de R$ 4 mil. "Quem está na UTI já se encontra no limite da vida. Às vezes, está mais morto do que vivo e ainda sofre mais por falta de ar-condicionado". O próprio presidente da CPI se surpreendeu quando chegou na UTI e percebeu as portas abertas. "Por quê as portas estão abertas assim?", perguntou Sérgio. Ele ouviu da própria diretora do hospital, Rosana Zucatto, que não havia ar-condicionado no local. Ele alegou que já havia repassado ao Estado R$ 112 mil e que aguardava a chegada de 6 outros aparelhos climatizadores para serem instalados na UTI.
Uma das reclamações da direção da unidade é quanto à burocracia para aquisição de equipamentos e até de material básico. Afirmaram que depende do aval do núcleo sistêmico para qualquer tipo de procedimento. O Núcleo está vinculado à secretaria estadual de Administração. Houve bate-boca entre gestores e políticos que acompanharam a inspeção. Representantes do Estado atuaram como espécie de porta-vozes do secretário estadual de Saúde Augustinho Moro, enquanto gestores do município, como o prefeito Zé do Pátio e o secretário de Saúde Valdecir Feltrin criticaram a falta de estrutura.
Sala de UTI do Regional de Rondonópolis sem estrutura adequada revolta pacientes e membros da CPI da Saúde...
...enquanto servidores expõem num mural a precariedade da unidade e pedem contribuição para compra de água
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