Gangue falsifica documentos para brasileiros na Itália, diz jornal
Em artigo publicado nesta sexta-feira, assinado pelo correspondente no Brasil, o jornal afirmou que há uma rede internacional, com sede em Brasília, especializada na produção dos documentos e atuando por meio de agências italianas que trabalham com pessoas que querem a cidadania.
O esquema denunciado pelo jornal funcionaria entre o Brasil, algumas pequenas cidades italianas e Londres, chegando até a transformar cidadãos provenientes de países do Oriente Médio em brasileiros para, em seguida, dar a eles a cidadania italiana.
O preço pago por esse tipo de serviço seria de cerca US$ 80 mil (cerca de R$ 140 mil), informou o "Corriere della Sera".
O Ministério das Relações Exteriores italiano ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas um porta-voz disse à BBC Brasil que o caso, considerado grave, está sendo examinado pelas autoridades italianas.
Agências
Uma lei de 2002 estabelece que os descendentes de italianos, com a documentação necessária, podem pedir o passaporte diretamente na Itália.
Após a introdução desta norma, e diante da demora de até 20 anos para obter a cidadania por meio dos consulados italianos no Brasil, o número de agências que oferecem este tipo de serviço entre o Brasil e a Itália aumentou.
Segundo o "Corriere della Sera", algumas dessas agências providenciariam a documentação falsa necessária para a obtenção da cidadania italiana, muitas vezes beneficiando brasileiros sem qualquer parentesco com italianos.
Nestes casos, os intermediários usariam certidões de italianos que emigraram para o Brasil no final do século 19 e no início do século 20 e apresentariam essas pessoas como avós dos brasileiros.
O jornal cita a agência Spazio Brasil, com sede na cidade de Cairo Montenotte, perto da cidade de Savona (norte da Itália), como sendo uma das suspeitas de cometer irregularidades.
O prefeito da cidade declarou ao jornal que vai denunciar o caso à Procuradoria da República.
Procurada pela BBC Brasil, a prefeitura disse que esta fazendo averiguações para esclarecer o caso.
Outro lado
A proprietária da agência Spazio Brasil, a brasileira Maria Teresa Cropanise, negou seu envolvimento em qualquer esquema ilegal e disse que vai processar o jornal.
"A palavra gangue é muito pesada. Vou provar que isso não é verdade, que trabalho respeitando a lei, e depois vou entrar com processo de indenização. Não poderiam publicar o nome da minha agência, com informações que não são corretas, sem me ouvir", disse ela à BBC Brasil.
Ela disse que nos últimos dois anos providenciou passaportes italianos para 40 brasileiros e não 80, como escreveu o jornal.
No entanto, Maria Teresa Cropanise acredita que há muitos intermediários que atuam ilegalmente.
"Existem gangues sim. Eu recusei serviços criminosos de várias pessoas. A Itália esta cheia de gente fazendo isso. Não faço parte dessa rede, eles que apurem quem faz parte, não sou polícia", afirmou.
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