Data-base no segundo semestre beneficia trabalhador, aponta Dieese
No primeiro semestre do ano passado, apenas em um mês foi ultrapassada a marca de 76% das categorias analisadas com ganho real: janeiro (88,5%). Já na segunda metade do ano, o patamar foi superior a 84% em todos os períodos, com pico em outubro (97,1%).
"No início do ano, as incertezas eram maiores", lembra José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese. De acordo com ele, "o clima normalmente já é mais favorável" no segundo semestre devido à proximidade das festas de final de ano, quando há picos de produção e o comércio está aquecido.
"Além disso, no segundo semestre do ano passado, já havia um quadro mais definido sobre os efeitos da crise econômica no país", afirma Oliveira.
A má notícia para os trabalhadores é que a maioria das datas-base estão na primeira parte do ano (67,6%), com concentração em maio (28,5%) e março (13,4%).
Considerando todo o ano de 2009, o levantamento do órgão apontou que 92,6% das negociações salariais no país conseguiram, pelo menos, repor a inflação dos 12 meses anteriores ao reajuste.
A pesquisa analisou 692 acordos e convenções coletivas no ano passado e considera a variação de preços medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), calculado pelo IBGE.
"A crise afetou de forma diferenciada os setores", ressalta Oliveira. O comércio apresentou o melhor desempenho, com apenas 3,8% das negociações firmadas pelas categorias de trabalhadores analisadas tendo reajuste abaixo da inflação. Na indústria, 6,8% ficaram nessa situação, enquanto em serviços foram 9,5%.
O desempenho, na avaliação do órgão, foi influenciado pela boa capacidade de negociação dos sindicatos em meio à crise internacional, pelo apoio às iniciativas de governo para minimizar os efeitos da turbulência e pela inflação sob controle no período, facilitando as negociações com as empresas.
Segundo o órgão, 79,9% das negociações garantiram reajustes superiores à variação do índice, 12,7% obtiveram percentual igual e outros 7,4% não conseguiram repor o poder de compra dos trabalhadores em 2009.
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