Sojicultores de MT calculam prejuízos de R$ 297 milhões
Produtores de soja de Mato Grosso contabilizam prejuízo de R$ 297 milhões na atual safra devido à irregularidade na mistura de componentes dos fertilizantes que adquiriram. O dado consta em levantamento realizado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), que analisou os nutrientes fósforo e potássio presentes nas formulações aplicadas na lavoura. Na média geral, o produtor teve perda de R$ 308 por tonelada.
A estimativa leva em conta 240 amostras coletadas no ano passado na época do plantio (setembro e outubro) em 2,755 milhões de toneladas de fertilizantes utilizadas na safra 2009/2010. Cerca de 35% desse total, ou 964,3 milhões de toneladas, estavam fora do padrão exigido. No período da coleta, a associação realizou a 1ª edição do Circuito Tecnológico, junto com a Embrapa e o Ministério da Agricultura (Mapa). A partir dos dados, a organização fará propostas para melhoria da qualidade no fertilizante utilizado no campo em todo o Brasil.
"O produtor perdeu, jogou fora R$ 297 milhões. Ele pagou para as empresas de adubo e ele não recebeu o produto. Pagou para uma coisa que não tinha". Ele considera a adulteração de fertilizantes como "falta de seriedade das empresas". Após análises e avaliações das amostras, segundo Silveira, foi identificado que "a maioria das formulações tinham 7,9% a menos de fósforo e 30,6% a menos no caso do potássio".
Ele conta que as empresas que venderam os nutrientes com menor composição do que exige a lei serão notificadas. Uma instrução do ministério de 2007 define o teor tolerado para os componentes e que deve ser indicado no rótulo do fabricante do produto. As amostras analisadas mostraram a irregularidade. O presidente da Aprosoja diz que em Mato Grosso falta ainda laboratório credenciado para esse tipo de análise e fiscalização dos fertilizantes, e que há 2 técnicos do ministério no Estado para a função e a legislação é ineficiente.
Silveira informa que foram feitas reuniões com o ministério esta semana e que uma ação junto com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) pretende ampliar para 500 amostras nas coletas realizadas este ano a fim de ter mais rigor no controle de qualidade na composição dos fertilizantes comercializados. Entre algumas das medidas adotadas pela direção da Aprosoja está a inclusão de uma carta orientativa ao produtor, que está disponível no site da associação (www.aprosoja.com.br). Outra proposta é a criação de um Plano Nacional Nacional de Fertilizantes, com envolvimento do Mapa, Embrapa e a Aprosoja.
O presidente diz que chamará as representações dos comercializadores de fertilizantes, como a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), para discutir o problema enfrentado pelo setor agrícola. Na semana passada, o Ministério da Agricultura anunciou a apreensão de 1,836 mil (t) de fertilizantes, em Uberaba (MG), por irregularidade na armazenagem e no controle de qualidade do produto.
Diretoria - Algumas das ações serão facilitadas pelo fato de Glauber Silveira ter sido eleito presidente da Aprosoja Brasil nesta quarta-feira (17). A eleição ocorreu durante a assembléia geral da associação nacional realizada em Brasília. A nova diretoria tem mandato para o biênio 2010/2012. Procurada pela reportagem para explicar o caso, a assessoria da Anda ficou de encaminhar uma posição, o que não ocorreu até o fechamento desta edição.
(Com Assessoria/Agência Brasil)
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