Incentivos fiscais prometem dar tônica de discursos na campanha eleitoral
As candidaturas ainda não se oficializaram, mas, de olho nas eleições, os políticos começam a soltar discursos faiscantes. A política de incentivos fiscais adotada pelo governo Blairo Maggi (PR), por exemplo, promete ser uma das tônicas dos debates entre os candidatos ao governo. Esta tendência foi evidenciada nesta terça (16), no evento em que foi assinado um protocolo de intenções para a instalação da Vicunha Têxtil em Cuiabá e reuniu os três pré-candidatos ao Paiaguás.
Na ocasião, o prefeito e pré-candidato ao governo, Wilson Santos (PSDB), foi provocado pelo governador Blairo Maggi (PR), que defende o projeto eleitoral do vice Silval Barbosa (PMDB). O tucano acusa o Estado de destinar incentivos fiscais para poucos empresários. “Sou a favor de incentivos para todos e não apenas para ricaços e bacanas”, disse Wilson assim que assumiu candidatura dentro da aliança PSDB-DEM-PTB.
Maggi não ignorou a critica e aproveitou o encontro para devolver a alfinetada ao tucano. O governador disse que incentivo fiscal “não é coisa irresponsável” e que “o Estado precisa crescer”. “Abrir mão do que não temos não é nenhum crime”, declarou o republicano, sob o olhar atento de Wilson. Maggi ainda foi incisivo ao afirmar que o Estado não privilegia amigos. “Aqui não tem privilégios para amigos e nem para amiguinhos”, pontuou. Ainda em tom desafiador, o governador ressaltou que, embora Wilson faça críticas à política econômica do governo, o tucano admite adotar as mesmas medidas.
Wilson se preocupou mesmo em mostrar que a Prefeitura é, sim, a favor dos incentivos. Explicou que Cuiabá teve papel fundamental na instalação da indústria têxtil na Capital. Segundo Wilson, a prefeitura concedeu 70% de incentivo fiscal para a Vicunha, além da doação do terreno para a empresa. “Quero deixar bem claro que não somos contra a política de incentivos fiscais. Somos é contra o beneficiamento de alguns empresários em detrimento de outros. Defendemos que os incentivos sejam estendidos também para o comércio e pequenos produtores. A política de incentivos fiscais é importante para o desenvolvimento do Estado, mas precisa de algumas correções”, disse o prefeito. O pré-candidato ainda exaltou o ex-governador Dante de Oliveira, já falecido, ao lembrar que o tucano criou um programa de isenção de impostos para os produtores de algodão, principal matéria da indústria têxtil.
A política de incentivos fiscais é alvo de críticas por parte dos opositores de Maggi. Relatório do Tribunal de Contas aponta que houve um crescimento de 75% em benefícios concedidos a empresas entre 2007 a 2008, enquanto a receita apresentou acréscimo de apenas 17%. A renúncia em 2007 somou R$ 619 milhões, enquanto no ano seguinte totalizou R$ 1,083 bilhão. Já a arrecadação em 2007 foi de R$ 3,4 bilhões, enquanto em 2008 chegou a pouco mais de R$ 4,4 bilhões.
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