Vaticano reconhece casos de abuso sexual no Brasil
O Vaticano reconheceu nesta terça-feira que existem casos de abuso sexual de crianças cometidos por sacerdotes no Brasil e afirmou que os responsáveis não eram bispos, mas sim padres, indicou o padre Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé.
Lombardi se pronunciou sobre denúncias feitas pelo site UOL Notícias, após o programa de televisão "Conexão Repórter", do SBT, ter mostrado matéria em que vários alunos relatam casos de abusos por parte de "dois monsenhores e um sacerdote".
O porta-voz do Vaticano reconheceu que dois dos três religiosos citados possuíam o título honorífico de "monsenhor", embora fossem padres. Embora normalmente o título de monsenhor seja atribuído aos bispos, ele também pode ser conferido como título honorário a simples sacerdotes que exercem determinados ofícios eclesiásticos.
"Foi confirmado que nenhum dos três envolvidos era bispo. Um deles foi afastado da paróquia e será julgado pela justiça civil", disse Lombardi, citado pelas agências de notícias France Presse e Ansa. "Os outros dois foram suspensos de suas tarefas eclesiásticas e estão sendo submetidos a um processo canônico por suspeita de pedofilia, mas até agora negam tudo."
O site UOL Notícias informou que a Igreja brasileira afastou no final de semana passado das funções eclesiásticas "dois monsenhores e um padre" do município de Arapiraca, a 130 quilômetros de Maceió (AL), depois de terem sido acusados de pedofilia por alunos de um coro e por seus familiares.
Os religiosos devem responder a um inquérito policial por conta de denúncias feitas por ex-coristas e familiares das supostas vítimas.
O caso explodiu no dia 11 de março, quando a repórter do programa do SBT entrevistou vários ex-coristas que relataram casos de abusos sexuais cometidos pelos sacerdotes com crianças e adolescentes.
Um vídeo mostra um dos dois "monsenhores", Luiz Marques Barbosa, 82, no momento em que mantém relações sexuais com um jovem de 19 anos. A gravação foi feita em janeiro de 2009, ao que parece, por outro jovem que sofreu abusos. O jovem contou que, desde os 12 anos, quando entrou para a Igreja, era alvo do assédio sexual por parte do chamado "monsenhor".
De acordo com o advogado de Marques, conhecido por ser um dos religiosos mais conservadores da região, as relações sexuais filmadas foram consentidas e ele negou que se tratasse de pedofilia.
O advogado assegurou que os jovens tentaram extorquir o religioso e até assinaram um documento no qual se comprometiam a não divulgar o vídeo em troca de dinheiro.
Os outros dois padres também negam que tenham abusado de jovens.
Este foi o primeiro caso denunciado recentemente na América Latina após a série de escândalos por pedofilia que afeta vários países da Europa, entre eles Alemanha, Irlanda, Holanda, Suíça e Áustria.
Com France Presse e Ansa
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