Bactéria mata 19 bebês em CTI de Franca (SP)
Dezenove bebês morreram na Santa Casa de Franca (a 400 km de São Paulo) em decorrência de infecção hospitalar causada pela bactéria klebsiella ao longo do ano passado. A Secretaria de Estado da Saúde, a prefeitura e o Ministério Público Estadual abriram investigação sobre as mortes.
O número de óbitos pode ser ainda maior. Segundo o secretário da Saúde de Franca, Alexandre Ferreira, o total de casos chega a 43, o que Estado e hospital negam.
Uma das hipóteses para as mortes é a superlotação dos leitos para bebês prematuros e abaixo do peso. Por isso, o Estado determinou que o Centro de Terapia Intensiva infantil só poderá receber até dez bebês.
A klebsiella afeta o sistema respiratório, urinário e gastrointestinal. A direção da Santa Casa diz ter detectado um aumento acima do normal da bactéria na área neonatal, que inclui os leitos de CTI e os berçários. Naquele ano, 35 bebês foram infectados pela klebsiella e nove morreram.
No ano passado, a bactéria ganhou mais força: foram 55 infectados, com 19 mortes. Os números são da direção do hospital. E o risco ainda não foi afastado: a klebsiella já foi detectada em mais quatro bebês neste ano. As crianças estão internadas em uma ala isolada.
A Santa Casa é a única referência neonatal para casos graves na microrregião de Franca. No ano passado, 803 prematuros ou bebês abaixo do peso foram internados no CTI neonatal e 125 foram infectados. Ou seja, a taxa de infecção hospitalar foi de 26,6%.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não estabelece um percentual mínimo de infecção, mas disse considerar a situação da Santa Casa de Franca preocupante. "Não existe um padrão, não é aceitável um caso sequer de infecção hospital. Mas eu acho alta [a taxa da Santa Casa]", disse o gerente-geral de Tecnologia e Serviço de Saúde da Anvisa, Heder Murari Borba.
O promotor Décio Antônio Piola abriu inquérito para investigar o risco de infecção hospitalar no hospital. Ele reuniu-se ontem com representantes do Estado, da prefeitura e do hospital para se informar sobre o número de mortes por infecção na instituição.
A diretora-técnica da Santa Casa, Maria Auxiliadora Pedigone, negou que tenha havido negligência. Ao detectar o aumento das infecções, disse que alertou o Estado e enviou amostras de sangue dos bebês para investigação mais ampla.
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