Acusado de tráfico, ‘Binho’ é afastado da OAB do Estado

O advogado Edésio Ribeiro Neto, conhecido como "Binho", foi excluído dos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso (OAB/MT), no início deste mês. Ele foi notificado ontem, por meio de sua defesa, do resultado do julgamento do Processo Disciplinar instaurado junto ao Tribunal de Ética e Disciplina da instituição. "Binho" responde pelos crimes de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro na Justiça Federal e é acusado de ser o articulador do esquema que tinha ligações inclusive com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Desde que foi deflagrada a operação "Maranello", em setembro do ano passado, ele está foragido.

Em janeiro deste ano, o presidente do Tribunal de Ética, Ivo Matias, afirmou que o advogado seria notificado por meio de comunicado no Diário de Justiça, uma vez que seu paradeiro era desconhecido. Assim que tomou conhecimento das denúncias feitas pelo Ministério Público Federal contra "Binho", a OAB deu prosseguimento ao processo de suspensão preventiva, com validade de 90 dias e que tem por objetivo suspender imediatamente o exercício da advocacia. Nesse período é avaliada a gravidade das acusações para definir se cabe a instauração do Processo Disciplinar, que tem o efeito de cassar o profissional. "A conduta dele é uma afronta à classe de advogados e fere as prerrogativas da profissão", afirmou Matias.

Entretanto, mesmo foragido, "Binho" tomou providências em relação à sua defesa, por meio de seu advogado, Benedito Palmeira Neto, que questionou a decisão do Tribunal de Ética. Ele teve o recurso negado ontem.

A partir de agora, cabe recurso junto ao Conselho Seccional de Mato Grosso dentro de 15 dias. Segundo Matias, a decisão não tem efeito imediato e Binho pode continuar advogando até que o processo seja considerado transitado em julgado pelo Conselho Federal.

De acordo com investigações da Polícia Federal, "Binho" era quem fazia a articulação da quadrilha e a distribuição dos lucros entre os "sócios". Ele também era o responsável por arregimentar financiadores e administrar e distribuir a cocaína vinda da Bolívia com destino à região sudeste do Brasil.

A Polícia Federal suspeita que o advogado esteja escondido no país vizinho. Ele foi denunciado junto com outras 34 pessoas. "Binho" também responde pelo crime de roubo. Ele é acusado de ser o mentor de uma assalto a uma joalheria dentro de um shopping de Cuiabá, em 2004.

Suspensão eficaz - Um novo sistema de comunicação integrada entre a OAB e o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) deverá ser implantado até o meio do ano com o objetivo de fazer valer, na prática, a suspensão ao advogado julgado pelo Tribunal de Ética.

De acordo com Matias, o comunicado era feito aos órgãos do Poder Judiciário por meio de ofícios, o que acabava sendo pouco eficaz, já que ficava esquecido dentro das gavetas das escrivanias. "A partir de agora será impossível o advogado em efeito suspensivo retirar um processo, participar de audiências ou atuar de qualquer outra forma", explicou.