Desfecho do caso só deve sair em junho, quando acontece a convenção da sigla
Embate no PSDB por Aécio na vice está longe do fim
Apesar do esforço do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), em dar como encerrada a possibilidade de sair como vice em uma chapa puro-sangue à Presidência da República com o paulista José Serra, a queda-de-braço entre tucanos está longe de acabar. O desfecho tem data limite para acontecer e não deve se dar antes dela. Será em junho. Neste mês, os partidos referendam seus candidatos em convenção e registram a chapa na Justiça Federal. Até lá, Aécio insistirá em concorrer vaga no Senado, decisão que será oficializada nesta segunda-feira (15) à noite em reunião do PSDB-MG.
A partir do anúncio da candidatura de Serra à Presidência, previsto para a primeira semana de abril, políticos ligados ao paulista entrarão em campo para tentar convencer Aécio. Por enquanto, tucanos de Minas têm afastado a possibilidade de Aécio na vice dizendo que ele não pode participar de uma chapa que "nem candidato a presidente tem".
A ideia entre os serristas é de que a ausência do mineiro na chapa não inviabiliza a vitória de Serra, mas dificulta a situação no segundo maior colégio eleitoral do País, Minas Gerais. Em uma eleição que deverá ser acirrada - pesquisas de intenção de voto indicam empate técnico entre Serra e a ministra Dilma Rousseff (PT) - a presença de Aécio, um dos maiores cabos eleitorais de seu Estado, poderá ser decisiva.
De acordo com políticos ligados a Serra, o argumento para tentar convencer o mineiro será o de que a presença dele na eleição presidencial turbinaria a campanha de seu sucessor ao governo de Minas, Antonio Anastasia (PSDB). Aécio reconhece o apelo da disputa nacional, mas sabe que ela o afastaria de Minas para fazer campanha em outros Estados.
A tese dos mineiros é que, dentro do Estado, Aécio ajuda mais a si mesmo, a Anastasia e a Serra. É o que diz pensar o presidente do PSDB-MG, Narcio Rodrigues, fiel escudeiro de Aécio.
- Em qualquer posição, Aécio será o grande puxador de votos de Minas Gerais.
Autonomia
A resistência de Aécio em negociar o posto de vice desde que desistiu da disputa presidencial para abrir caminho para Serra, em dezembro passado, tem vistas às próximas eleições para a Presidência. Para Rodrigues, ele já tem qualificação para isso:
- Parece estar escrito nas estrelas que Aécio um dia será presidente da República. Ele hoje está qualificado para isso. Se não for desta vez, ainda será.
Com 50 de idade e a experiência de dois mandatos no governo de Minas, Aécio quer autonomia para, em um cargo legislativo, articular uma nova tentativa de concorrer ao posto.
- O caminho de Aécio não é ter uma posição subalterna nesse jogo. No jogo dele, ele quer atuar com liberdade na cena política. Ele é companheiro de Serra, mas não assessor, nem pensa como Serra em tudo. O cargo de senador será dele. O de vice, do governo. [...] Imagine Aécio como vice de Serra na Presidência marcando uma reunião com o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) ou com o deputado Ciro Gomes (PSB). Vão dizer que o vice-presidente está conspirando contra o governo.
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