Faculdade particular dá aula de reforço a calouro
Dificuldades em cálculos básicos --como multiplicar frações e achar porcentagens-- ou dúvidas em grafia e concordância verbal e nominal. Devido à defasagem da maioria dos novos alunos, instituições particulares de ensino superior têm oferecido cursos de reforço em português e matemática a todos os calouros.
Em muitos casos, os cursos são gratuitos e optativos e não constam da grade curricular. O que os diferencia é o nome: algumas instituições chamam de curso de aprimoramento, outras, de nivelamento.
De acordo com o Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo), cerca de 70% das faculdades particulares paulistas oferecem algum programas de nivelamento.
"O modelo é bastante diversificado. Tem instituição que faz plantão de dúvidas, outras fazem o reforço a distância e existe também a aula presencial", disse o diretor-executivo da entidade, Rodrigo Capelato.
Segundo a entidade, a preocupação com a defasagem do aluno surgiu nos últimos cinco anos e foi impulsionada pela ampliação da rede particular. "Com mais vagas no nível superior, caiu o preço médio e a população que vem do ensino público de má qualidade passou a ter acesso à faculdade", diz ele.
Além da expansão das universidades privadas, professores também atribuem o aumento do acesso a programas como o ProUni e o Fies (fundo que financia o curso).
Em Ribeirão Preto (313 km de SP), por exemplo, a Unaerp oferece as duas disciplinas. No Centro Universitário Moura Lacerda, o apoio é para exatas. "Como temos muitos cursos tecnológicos e de engenharia, as matérias optativas são física e matemática, áreas em que os alunos têm mais problema", disse o reitor da instituição, Glauco Eduardo Cortez.
Na Unip, há monitorias e revisão de conteúdos on-line. A vice-reitora da instituição Melânia Dalla Torre disse que o reforço visa "refrescar a memória" dos alunos.
A estudante Karolyna Mendes Moura, 22, caloura de serviço social da Unaerp e bolsista do Prouni, faz parte do grupo de alunos que busca reforçar conteúdos escolares de matemática e português.
A jovem, que estudou em escola pública no ensino fundamental e médio, diz que pretende aproveitar a oportunidade de corrigir seus erros.
"Fiz cursinho na USP durante dois anos e pude aprender regras de acentuação, mas ainda tenho um pouco de dificuldade e troco letras. O som de "s" e "z" me confunde."
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