Justiça já decidiu 575 vezes contra Bancoop, afirmam cooperados
A cooperativa perdeu 368 ações na primeira instância, 161 na segunda e 46 no STJ (Superior Tribunal de Justiça), diz os cooperados. Dos processos, 104 são cobranças da Bancoop, que foram negadas pela Justiça. Ainda estão em tramitação, 13 ações civis públicas que reclamam de projetos de prédios não acabados da Bancoop.
A Bancoop é suspeita de desviar verbas dos cooperados para financiar campanhas do PT.
Na sexta-feira, o promotor pediu ao Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária), do Tribunal de Justiça de São Paulo, a quebra de sigilo bancário e fiscal do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, por suposto envolvimento no esquema de desvio. Blat também pediu o bloqueio das contas da cooperativa. Vaccari faz parte da cooperativa desde a sua fundação e foi presidente da entidade.
De acordo com reportagem da revista "Veja" desta semana, Blat analisou mais de 8.000 páginas de documentos do processo que envolve o desvio de recursos e concluiu que a direção da Bancoop movimentou R$ 31 milhões em cheques para a própria cooperativa. Esse tipo de movimentação é uma forma de não revelar o destino do dinheiro.
O desvio de dinheiro pode ter chegado a R$ 100 milhões, segundo estimativa do promotor. De acordo o promotor, os valores já eram conhecidos desde 2008, ainda na fase do inquérito instalado para investigar o suposto desvio que prejudicou 3.000 famílias de cooperados, com prejuízo médio de R$ 33 mil.
A Promotoria estuda oferecer o benefício da delação premiada (redução de pena) aos envolvidos no suposto esquema. O benefício será oferecido aos diretores da cooperativa para que possam colaborar com o inquérito.
Segundo a investigação, dirigentes da cooperativa teriam criado empresas fantasmas que prestavam serviços superfaturados e faziam doações não contabilizadas ao PT. Para Blat, há indícios de caixa dois, uma vez que os recursos repassados ao partido não constam dos registrados da Justiça Eleitoral.
Como tesoureiro do PT, Vaccari também teria como função as finanças da campanha da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência da República. Ontem, porém, a ministra confirmou que o partido pretende ter uma tesouraria específica para gerir os recursos de sua campanha presidencial, separada da tesouraria geral da legenda.
CPI
O presidente da Assembleia de São Paulo, deputado Barros Munhoz (PSDB), assinou nesta terça-feira (9) o documento que autoriza a abertura da CPI para investigar o suposto esquema de desvio de verba da Bancoop para campanhas do PT.
O pedido de CPI foi apresentado em outubro de 2008 pelo líder do PSDB na época, o deputado Samuel Moreira, com a assinatura de 35 parlamentares --duas a mais do que o mínimo necessário para solicitar a investigação.
Outro lado
A reportagem não localizou representante da Bancoop para comentar sobre as ações na Justiça.. Em nota divulgada no fim de semana em seu site, a cooperativa negou a existência de um esquema de desvio de verba, conforme apontou reportagem da revista "Veja".
"A matéria é extremamente fantasiosa quanto aos fatos, como demonstra a informação de que teriam sido emitidos, para saque em dinheiro, cheques nominais à própria Bancoop em valor total superior a R$ 31 milhões", diz a nota da cooperativa.
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