Técnica contraceptiva testada pela USP usa implante sob a pele para liberar hormônio
Anticoncepcional pós-parto tem eficácia comprovada
Um estudo realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto comprovou a eficácia do implante liberador do hormônio sintético etonogestrel comum método contraceptivo nos primeiros dias após o parto. O implante é inserido sob a pele da paciente entre 24 e 48 horas após o nascimento do bebê. As informações são da Agência USP.
O procedimento, considerado simples, foi avaliado pela médica Milena Bastos Brito, com orientação da professora Carolina Sales Viera Macedo, da FMRP. A pesquisa sobre o implante foi publicada em forma de artigo na revista internacional Contraception.
Bastão custa R$ 700 em média
O anticoncepcional é apresentado em forma de bastão, tem quatro centímetros de comprimento, é colocado na camada subcutânea (sob a pele) e libera o hormônio etonogestrel por três anos.
O método contraceptivo em estudo não é novo, ele existe desde 2000. A novidade é o momento de sua implantação e a chegada até uma parcela específica de mulheres. O valor pode ser um fator limitante e não ser acessível às faixas menos favorecidas da população, por isso o trabalho das pesquisadoras, além das informações científicas, é tão importante. O bastão custa R$ 700, em média, e é fabricado somente por uma empresa no Brasil, sem contar os custos da inserção.
Inserção ainda na maternidade é eficaz
O estudo das médicas foi realizado com 40 mulheres que acompanhavam pré-natal no Hospital das Clínicas da faculdade. Metade usou o implante que foi inserido precocemente, entre 24 e 48 horas após o parto, e as outras 20 iniciaram o método contraceptivo somente seis semanas após o parto, conforme prescrito pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
As participantes tinham idades entre 18 e 35 anos, IMC (índice de Massa Corporal) menor que 30, não fumantes, não usuárias de drogas, sem doenças e com gestação única. Foram realizados exames laboratoriais nos dois grupos e acompanhamento durante três meses. Todos os parâmetros analisados confirmaram não haver nenhuma diferença entre os dois métodos, nenhum risco de saúde para qualquer uma das mães e bebês. Portanto, se a paciente opta pela inserção precoce do implante, ainda na maternidade, ela já sai com seu planejamento familiar decidido e em segurança.
- Agora, nossa luta será provar que o custo-benefício desse método é vantajoso para o Sistema de Saúde no Brasil e colocá-lo na rede pública. Basta calcular o que se gasta com pré-natal, parto e manutenção dessas crianças, diz Carolina.
No entanto, mesmo com resultados tão promissores, as pesquisadoras são cautelosas. Elas afirmam que o método parece seguro. Mas lembram que o número de pacientes estudadas é pequeno. Hoje, o estudo continua em andamento e elas esperam confirmar os resultados com um grupo maior até o final de 2010.
Para quem é mais indicado
A inserção precoce do implante é indicada, principalmente, para pacientes com dificuldades de aceso aos programas de planejamento familiar ou de adesão a contraceptivos regulares e em risco para uma nova e indesejada gravidez. A professora cita como exemplos as adolescentes, usuárias de drogas e álcool.
O artigo “Efeito do implante liberador de etonogestrel sobre o sistema hemostático no
puerpério de mulheres sadias”, publicado pelas pesquisadoras na revista Contraception, foi considerado um dos dez melhores do mundo pelo site Faculty of 1000 Medicine em dezembro de 2009.
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