A vacinação contra a nova gripe - o vírus influenza A (H1N1) - nas clínicas particulares vai começar pelo menos um mês depois do início da campanha nacional promovida pelo Ministério da Saúde.
A rede pública começou a vacinar os grupos prioritários nesta segunda-feira (8). Entre os grupos não estão as pessoas entre 2 e 19 anos e nem as pessoas com mais de 40 anos - confira o calendário de vacinação .
Dentro dessas faixas etárias só podem receber a vacina pessoas com problemas crônicos de saúde, profissionais da saúde, povos indígenas e gestantes. Os grupos foram definidos por terem maior risco de complicações por conta da gripe A (H1N1).
Para quem não está nos grupos prioritários e quer ser vacinado, o caminho são as clínicas particulares. Segundo o Ministério da Saúde, não há restrição para tomar vacina no serviço privado.
Até agora, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) só três laboratórios estão autorizados a comercializar a vacina no país: Instituto Butantan, GlaxoSmithKline (GSK) e Sanofi Pasteur. Desses laboratórios, dois só venderam para a rede pública (Butantan e Glaxo) e não vão ofertar para o setor privado. A Sanofi forneceu para o Butantan e disse que receberá novo estoque para a rede privada em abril.
Outras empresas entraram com pedido de autorização na Anvisa para comercializar, mas a agência informou que não poderia informar quais por questão de "segredo industrial". A Solvay Farma, porém, disse ao G1 que aguarda a autorização e que prevê distribuição para clínicas no mês que vem.
A reportagem consultou clínicas que afirmaram já ter recebido muitas solicitações de pacientes interessados na vacina contra nova gripe. Em todos os casos, a orientação é de que as pessoas voltem a procurar os estabelecimentos em abril.
Laboratórios
Consultado pelo G1, o laboratório GlaxoSmithKline disse que não venderá neste ano as vacinas para a rede privada. "Conforme estratégia traçada pelo governo como prioritária, a GSK afirma que disponibilizará as vacinas contra Influenza A (H1N1) apenas para o setor público e não disponibilizará as vacinas para a rede privada", informou em nota.
A Sanofi Pasteur disse que, até agora, precisou atuar para o fornecimento ao setor público, como o Instituto Butantan.
"Toda a prioridade da Sanofi Pasteur foi atender à demanda do setor público pela vacina H1N1. No momento, a empresa também está trabalhando para trazer a vacina trivalente, com o H1N1, para atender a demanda do mercado privado, que deve chegar ao Brasil no final de abril." Ainda não há informações sobre valores e nem quantidade de doses.
A Abbott, que finalizou em fevereiro a compra do laboratório Solvay, disse que aguarda autorização até o começo de abril para começar a distribuição da vacina à rede privada. "A vacina para influenza da Solvay - Influvac - estará disponível para o público após a aprovação regulatória das autoridades sanitárias - Anvisa -, a qual está prevista para o fim de março ou abril de 2010", informou a empresa em nota, que também não soube estimar quantidade e nem valores.
Desabastecimento
O Ministério da Saúde, porém, admite que o setor privado pode ter limitações para o fornecimento das vacinas. "Não haverá impedimento, por parte do Ministério da Saúde, para o setor privado adquirir vacinas. O que pode ocorrer, nessa circunstância, é a limitação da disponibilidade do produto, que irá depender da capacidade de fornecimento pelos laboratórios produtores", diz o órgão em seu site.
E a limitação da capacidade de fornecimento é justamente a preocupação de algumas clínicas particulares.
Para a médica responsável pela Clínica Faster, de São Paulo, Vera Ruth Mendes Queiroz, há preocupação em relação à quantidade de doses. "Há dois anos teve problema de desabastecimento, por isso estamos um pouco inseguros sobre quantas doses estarão disponíveis. (...) Já temos o pedido colocado, mas o pedido não garante a entrega. Os laboratórios já têm contrato com empresas privadas, bancos, e por isso não sabemos quanto vai sobrar para as clínicas", esclarece.
A médica afirma que a clínica vem recebendo ligações de pessoas interessadas em tomar a vacina, mas aconselha que voltem a ligar mais para o fim de março. Vera afirma que a vacina contra a gripe sazonal foi vendida a R$ 50 em 2009 e que a trivalente contra a nova gripe deve chegar a R$ 90. "Mas é especulação, não se sabe exatamente o valor. (...) Quando existe falta [de vacinas], o custo sobe", afirma.
Na clínica Vaccini, com 19 unidades no Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Maranhão, Espírito Santo e Bahia, a expectativa também é que a vacinação comece só em abril. "Não temos estimativa, só esperança de começar a receber em abril. As vacinas dos laboratórios foram aprovadas, mas não liberadas para comercialização. Esperamos que seja um pouco mais cara que a da gripe sazonal, mas não há informações concretas", disse a médica responsável, Flávia Bravo.
Outras duas redes de clínicas consultadas pelo G1 também estão orientando os interessados a voltarem a buscar informações no mês de abril.
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