Cresce participação das mulheres na compra de automóveis
Elas compraram quase a metade dos 3 milhões de automóveis vendidos no País no ano passado, movimento que acompanha as mudanças sociais ocorridas nos últimos anos, com mais mulheres chefes de família, em cargos profissionais importantes e poder aquisitivo mais elevado. Em uma década, a participação do público feminino nas compras diretas de carros saltou de 25% para 42%, segundo cálculo das montadoras. Além disso, elas influenciam em metade das aquisições feitas pelos homens. Com tanto poder de fogo, as mulheres recebem atenção especial das fabricantes.
Na última década, foram desenvolvidos vários itens dirigidos a esse público, como tecidos de bancos que não desfiam roupas, maçanetas que protegem as unhas e porta-objetos. Pesquisa feita ao longo dos últimos três anos, que acaba de ser concluída pela Renault do Brasil, mostra que a preferência das mulheres está cada vez mais próxima da dos homens no que se refere ao automóvel. "Apesar de algumas necessidades específicas, os critérios de compra estão muito próximos aos do homem", afirma Maristela Castanho, diretora de produto da empresa.
Foram ouvidas cerca de 7 mil pessoas em vários Estados. Nos critérios de compra, 43% das mulheres apontam o preço como o mais importante, resposta escolhida por 38% dos homens. Conforto vem na sequência para 32% do público feminino e 28% do masculino. Consumo e estilo externo estão quase empatados, com cerca de 28% e 27% das preferências, respectivamente. Já o espaço interno é mais valorizado pelas mulheres, enquanto valor de revenda e robustez têm mais pontos entre os homens.
Maristela ressalta que ainda há limites na relação mulher/automóvel, principalmente em questões técnicas, como a potência do motor. "Elas continuam sendo mais racionais e pragmáticas na relação com o automóvel, mas estão adquirindo experiência. Para o homem, existe até uma questão de afeto, pois desde menino ele brinca com carrinhos e depois de adulto segue apegado ao produto." Ter o domínio do carro é um sentimento que a maioria dos homens respondeu que gosta, enquanto, entre as mulheres, a adesão foi de menos da metade.
A situação se inverte quando a questão é se o veículo deve ser tão confortável como a casa. "As mulheres veem o carro como extensão da casa ou como suas bolsas: levam tudo que precisam", comenta Herlander Zola, gerente de marketing e comunicação da Volkswagen. Maristela informa que a pesquisa será repetida daqui a dois anos, para ter base comparativa. Mas ressalta que os resultados atuais vão balizar o desenvolvimento dos próximos carros da marca, previstos para chegarem ao mercado daqui a três ou quatro anos.
Segundo o gerente de planejamento de marketing da Volkswagen, Fabrício Biondo, foi por meio de pesquisas que a empresa constatou o desejo das clientes de itens como porta-trecos e posição mais elevada para dirigir. O Fox, lançado em 2003, incorporou vários deles e é o preferido da marca entre as mulheres, com 52% das vendas. A próxima exigência, que já começa a aparecer em modelos de luxo, é o sistema que detecta se o carro cabe na vaga disponível e faz automaticamente a manobra de estacionamento.
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